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‘Não se pode condenar ninguém sem provas, não se pode condenar alguém por delação’, diz Gleisi após ser absolvida pelo STF

Está no G1

Após ser absolvida pelo Supremo Tribunal Federal (STF)  [1]da acusação de corrupção e lavagem de dinheiro em um das ações da Lava Jato, a senadora Gleisi Hoffman disse que carregou por quatro anos o peso de ter sido julgada de uma forma errada e que isso causou prejuízos não só para a carreira política dela, mas também para a vida pessoal.

A senadora falou em público pela primeira vez após a absolvição em entrevista coletiva ao lado do ex-deputado federal Ângelo Vanhoni, nesta quinta-feira (21), em Curitiba.

“Carreguei durante quatro anos o meu nome sendo agregado a adjetivos que me colocavam já como condenada ou com muita dúvida”, disse.

Gleisi afirmou que sabe o que fez e o que não fez na vida e criticou o modo como as delações premiadas são conduzidas.

“Não se pode condenar ninguém sem provas, não se pode condenar alguém por delação “, argumentou a senadora ao destacar que foi absolvida por 5 votos a 0 pelos ministros da Segunda Turma do STF .

Ela acrescentou ainda que a decisão do Supremo Tribunal Federal foi firme em relação ao assunto.

” Foi um duro recado às indústrias das delações. As delações são importantes para que você possa levantar indícios sobre situações que vão ser investigadas. Mas elas jamais poderão substituir provas. Porque, senão, elas se transformarão em instrumento de utilização política ou pra salvar aqueles que fazem delações”.

Gleisi também argumentou que não esperava outro resultado da votação. e que recebeu com alívio a decisão. “Desde o início das acusações contra mim, contra Paulo Bernardo e contra o Ernesto Rodrigues, eu já sabia que não poderia ser outra a decisão judicial final que não a minha absolvição”, disse a senadora.

“Nunca baixei minha cabeça. Nunca deixei de lutar pelo que eu acreditava porque eu não faço política por carreira, faço por causa. E sempre acreditei naquilo que me moveu desde o início da minha militância”, acrescentou.

O ex-deputado federal Angelo Vanhoni também participou da coletiva ao lado de Gleisi. Ele reforçou a questão de que as delações por si só não devem ser a base para a condenação de nenhum indivíduo no Brasil.

Como foi a votação no STF

Ao apresentar a denúncia, [2] a Procuradoria Geral da República afirmou que Gleisi e Paulo Bernardo pediram e receberam R$ 1 milhão desviado da Petrobras [3] para a campanha dela ao Senado, em 2010.

Mas, ao julgar o caso, os ministros da Segunda Turma do STF consideraram não haver provas de que o casal recebeu propina em troca da manutenção de Paulo Roberto Costa como diretor de Abastecimento da Petrobras à época.

Os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski votaram pela absolvição total. O relator da ação, Edson Fachin, e o revisor, Celso de Mello, também votaram pela absolvição dos crimes de corrupção e lavagem, mas se manifestaram a favor da condenação de Gleisi pelo crime de caixa dois eleitoral (não declaração de dinheiro recebido em campanha). [4]

 Foto: Wilson Cereja/RPC
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