[1]O dia em que Wilma rompeu com os Alves para sair candidata ao governo
Em janeiro de 2002 após ter participado da inauguração da nova sede do TCE [Tribunal de Contas do Estado], uma sexta-feira, final de tarde, o governador Garibaldi Alves tinha agendado em seu gabinete um importante encontro com a prefeita da capital, Wilma de Faria (PSB). Nessa reunião Wilma ia comunicar oficialmente a Garibaldi a sua disposição de sair candidata à sua sucessão. A imprensa já especulava sobre essa possibilidade. Wilma que até então apoiava a candidatura do deputado Henrique Eduardo ao governo do estado, comunicaria ao governador e ao próprio deputado que tinha uma pesquisa em mãos que lhe dava condições favoráveis de disputar o pleito. Queria pra isso também o apoio do PMDB.
O secretário de Comunicação do governo do estado, jornalista José Wilde me chama e fala para eu acompanhar a reunião que possivelmente iria entrar pela noite. Tudo certo. Fico eu na Governadoria à espera do governador que fora a inauguração da nova sede do TCE. Por volta das 18h Garibaldi e Henrique chegam à Governadoria. A prefeita que também estava na solenidade do TCE não havia chegado ainda. A Governadoria quase que deserta. Eu era coordenador de imprensa do governo. A pedido de Wilde dispensei o pessoal da assessoria, inclusive os dois fotógrafos: Ivanízio e Jaime. O governador não queria cobertura da imprensa, tanto é que a reunião não foi divulgada.
Enquanto aguardávamos a chegada da prefeita na sala do governador, Garibaldi, Henrique e eu, especulávamos sobre o que Wilma tinha a dizer. Garibaldi foi claro e disse que se a prefeita viesse com a conversa de que queria ser a candidata ao governo apoiado pelo PMDB isso estava totalmente descartado. O que Henrique concordou. O deputado chegou até a comentar uma conversa de pé-de-ouvido que teve com o senador José Agripino Maia sobre essa possibilidade.
Por volta das 18h30 chega a prefeita acompanhada da sua secretária particular e mais dois secretários que não lembro quem eram. Garibaldi então convida a prefeita e os secretários dela para írem para a sala de reuniões. Me chama e pede para sair da sala junto com a secretária particular de Wilma. A reunião não demorou 40 minutos. Wilma confirmou a sua intenção de disputar o governo com base na pesquisa que tinha em mãos. Garibaldi e Henrique ponderaram. Achavam que a prefeita deveria continuar dando apoio à candidatura de Henrique. Nada feito. Deu-se então o rompimento.
Acabada a reunião, Garibaldi e Henrique entram na sala de despachos do governador com as caras amarradas, coisa de quem não estava nada satisfeito. A prefeita foi embora e naquele momento oficializava-se o rompimento político-administrativo entre a prefeita Wilma de Faria e o governador Garibaldi Alves.
Só pra lembrar: Em 1998 [2], Wilma rompe politicamente com José Agripino Maia [3] e em 2000 [4] recebe o apoio do então governador Garibaldi Alves [5] na sua reeleição para a prefeitura de Natal. Em abril de 2002 [6], renuncia à prefeitura depois de romper com os Alves para disputar o governo do estado, sendo eleita com 820.541 votos, correspondentes a 61,05% dos votos válidos.