por Carlos Alberto Barbosa
Quem se deu a perda de tempo para assistir ao “debate” entre os presidenciáveis na noite de quinta (29) e madrugada desta sexta (30), promovido pela TV Globo, oportunizou um verdadeiro circo mambembe tendo como principal atração o Padre Kelmon (PTB), “laranja” assumido do presidente Jair Bolsonaro, candidato a reeleição.
Para quem desconhece, originalmente, Kelmon não seria candidato, mas acabou herdando a vaga de Roberto Jefferson, também do PTB, na disputa à presidência do Brasil. Inclusive, em seu registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ainda constam as redes do antigo candidato.
A substituição de Jefferson por Kelmon foi definida, aparentemente, pela amizade entre os dois políticos. Além disso, o religioso era vice do ex-candidato desde que se conheceram em uma missão ortodoxa na Bahia, onde surgiu o convite para ser seu representante de chapa em seu Estado.
Como disse o jornalista Fernando Gabeira, “a tabelinha real que existiu com troca de documento, com troca de papel, com terceirização de ataque, foi entre o Bolsonaro e o Kelmon”. De fato, pela foto acima percebe-se bem a aproximação de Jair Bolsonaro com Padre Kelmon em um dos intervalos do debate com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, passando orientações aos dois. Sequer se preocuparam com as fotos e repercussão.
Esse tipo de debate, já falei inúmeras vezes, é improdutivo, só serve para a troca de farpas entre os candidatos e pouco espaço para a troca de ideias e propostas. Debate só deveria existir num eventual segundo turno entre dois candidatos.
Gosto sempre de repetir Marcos Coimbra, presidente do Vox Populi: “em lugar nenhum do mundo debate resolve a eleição”.
Aliás, pouco antes do debate o Jornal Nacional já havia divulgado uma pesquisa do Datafolha em que mostrou o candidato a presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em primeiro lugar com 50% dos votos válidos, o mesmo percentual da pesquisa anterior, de 22/09.
Jair Bolsonaro (PL) continuou na segunda posição, com 36%, mesma porcentagem do último levantamento. Ciro Gomes (PDT) teve 6%, perda de um ponto percentual na comparação com a pesquisa anterior. Simone Tebet (MDB) manteve os 5%.
Acho que daqui até domingo se houver alguma alteração será pouca. Mas provável é que em função de Ciro Gomes ter se prestado também no debate a criticar Lula, mas parecendo está a serviço de Jair Bolsonaro, alguns votos do pedetista migrem pra Lula e faça o petista decidir a eleição já em turno único.
Lula, no debate da Globo, foi o “Cristo Crucificado”, onde todos (as) miraram nele, cabendo ao Padre Kelmon partir para as agressões orientadas pela assessoria de campanha de Jair Bolsonaro.
Foto reproduzida das redes sociais