Política

Parlamento da Bolívia recebe carta de renúncia de Evo Morales: `Resistir para amanhã lutar pela pátria´

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O Parlamento da Bolívia recebeu nesta segunda-feira (11) a carta com o pedido de renúncia de Evo Morales à Presidência do país. No texto, obtido pelo jornal “El Deber” e pela agência EFE, o ex-presidente afirma que se retirou do poder devido a “um golpe de estado político cívico policial”.

“Minha responsabilidade como presidente indígena e de todos os bolivianos é evitar que os golpistas sigam perseguindo meus irmãos e irmãs dirigentes sindicais, maltratando e sequestrando seus familiares, queimando casas de governadores, de parlamentares e de conselheiros”, afirma Evo, em carta.

“A ordem é resistir para amanhã voltar a lutar pela pátria. Nossa ação é e será defender as conquistas de nosso governo. Pátria ou morte!”, completa o texto.

A segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, disse que a renúncia será decidida em sessão nesta terça-feira. Além disso, Añez reivindicou o direito de assumir interinamente a Presidência da Bolívia – afinal, o vice de Evo e os presidentes da Câmara e do Senado também renunciaram.

Evo comunicou a renúncia ainda na noite de domingo, após escalada nos conflitos que tiveram início com denúncias de fraude nas eleições que dariam ao então presidente o quarto mandato consecutivo.

Depois de Evo, deixaram o posto o vice-presidente Álvaro García, a presidente do Senado, Adriana Salvatierra, o vice-presidente do Senado, Rubén Medinacelli, e o titular da Câmara dos Deputados, Víctor Borda.

A Constituição prevê que a sucessão começa com o vice-presidente, depois passa para o titular do Senado e depois para o presidente da Câmara dos Deputados, mas todos eles renunciaram com Evo.

Confrontos em La Paz

A renúncia de Evo Morales repercutiu em conflitos pela Bolívia, sobretudo na região de La Paz, onde apoiadores do ex-presidente deixaram bairros e cidades vizinhas como El Alto para protestar em bairros mais nobres da sede do governo boliviano.

Os manifestantes incendiaram ônibus e entraram em confronto com forças de segurança locais. Alguns ainda fizeram piquetes e bloquearam estradas. Segundo o jornal “El Deber”, à noite, grupos incendiaram casas e saquearam lojas.

Um vídeo difundido entre os bolivianos mostra pessoas dentro da propriedade do próprio Evo Morales, depois que ele voou para outra parte do país. O imóvel foi alvo de pichação.

Figuras importantes da oposição e o acadêmico Waldo Albarracin relataram em redes sociais que tiveram suas casas incendiadas por apoiadores de Evo. A residência de uma jornalista da Televisão Universitária também foi queimada.

O jornal “La Razon” descreveu que várias áreas da cidade de La Paz amanheceram com rastros “de uma noite de terror” e disse que a polícia esteve ausente e demorou para entrar em ação.

Em alguns bairros, vizinhos organizaram piquetes e barricadas de contenção. Houve ainda ataques a pátios de ônibus – em uma das centrais, 33 veículos viraram cinzas.

Foto: Aizar Raldes/AFP

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