Está no Blog do Valdo Cruz
A nota da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) justificando sua estadia na Embaixada da Hungria [1] foi classificada pela Polícia Federal [2] como “risível” e “patética”.
Para os investigadores, foi quase uma confissão de que o ex-presidente planejava uma fuga se fosse alvo de pedido de prisão no inquérito que investiga uma trama golpista durante seu governo [3].
A justificativa dada, de que Bolsonaro estava fazendo contatos com autoridades da Hungria [4], não passa, para a PF, de uma desculpa mais do que frágil.
A revelação de que o ex-presidente ficou “refugiado” durante dois dias na embaixada húngara [5], depois de ter seu passaporte apreendido, foi do jornal The New York Times. Segundo investigadores, as circunstâncias serão apuradas pela Polícia Federal. [6]
A PF vai esperar a confirmação oficial do caso, que virá por meio da explicação cobrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes [7], no prazo de 48 horas.
Depois disso, a PF vai cruzar as informações com dados sobre as movimentações e articulações do ex-presidente já em posse do órgão. Não estão descartadas medidas preventivas para evitar que Bolsonaro busque um asilo numa embaixada, para escapar a qualquer decisão contra ele.
Embaraço internacional
Por outro lado, para sinalizar que não gostou do que é visto como uma tentativa de interferência da Hungria em temas domésticos, o Ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador húgaro no Brasil, Miklos Halmai [8], para que apresentasse explicações ao Itamaraty.
Uma forma de demonstrar a reprovação do governo brasileiro ao gesto do governo do primeiro-ministro Viktor Órban.
O embaixador foi recebido pela diretora do departamento de Europa e América do Norte [9], Maria Luísa Escorel, e não pelo chanceler Mauro Vieira.
Halmai, segundo diplomatas, estava visivelmente constrangido com o episódio, principalmente com a divulgação de imagens em que a embaixada se coloca a serviço de Bolsonaro para hospedá-lo durante dois dias.
Imagem: NYT