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A subsecretaria de inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro afirma que o miliciano Adriano Magalhães de Nóbrega não estava acompanhado de seguranças no sítio onde estava escondido na Bahia antes da operação que resultou na sua morte [1], no domingo (9).
A informação contradiz o secretário de Segurança da Bahia [2], Maurício Barbosa, que havia afirmado que homens que faziam a segurança de Adriano foram presos antes do confronto.
“Foram pegas pessoas que estavam dando cobertura, com armamento na mão, que indicaram que ele (Adriano) estava em um terreno próximo. A polícia fez o cerco, e ele tava com a pistola na mão e reagindo”, afirmou o secretário da polícia baiana ao G1 na segunda-feira (9).
O G1 entrou em contato com a polícia da Bahia nesta quarta-feira (12) e aguarda retorno.
Monitorado
Ainda segundo a polícia do Rio, os passos de Adriano foram monitorados durante nove meses. O miliciano passou pelo estado de Minas Gerais antes de ser encontrado na Bahia.
A polícia recebeu ainda denúncias de que o miliciano viajou para o Panamá, mas as informações não foram confirmadas.
Adriano, que era ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do RJ, estava escondido em um sítio de um vereador do PSL [3]na cidade de Esplanada. Com um mandado de prisão expedido em janeiro de 2019, ele estava foragido havia mais de um ano [4].
Histórico do capitão
Adriano Magalhães de Nóbrega aparece nas escutas telefônicas do Ministério Público como “Capitão Adriano” ou “Gordinho”. Ele é apontado como um dos principais responsáveis pelo crime de agiotagem da milícia de Rio das Pedras [4].
Adriano era considerado por policiais e investigadores como um indivíduo violento. Ex-capitão da tropa de elite da PM, Adriano foi preso duas vezes suspeito de ligações com a máfia de caça-níqueis.
Em 2011, foi preso na Operação Tempestade no Deserto, que mirou a cúpula do jogo do bicho. Na época, a investigação apontou que ele era segurança de José Luiz de Barros Lopes, bicheiro conhecido como Zé Personal, morto no mesmo ano.
Segundo o MP, o ex-capitão também era o responsável pela segurança da esposa de Zé Personal, Shanna Harrouche Garcia, filha do bicheiro Waldomir Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004.
Em 2014, Adriano e o primeiro-tenente João André Ferreira Martins foram expulsos da PM, considerados culpados nas acusações de associação com a contravenção.
De acordo com promotores e policiais, o ex-capitão era considerado um dos líderes do chamado Escritório do Crime, grupo que reúne policiais e ex-policiais que cometem homicídios em troca de dinheiro.
‘Rachadinha’
Adriano também era investigado por suspeita de participar do repasse de dinheiro [1] ao então deputado estadual Flávio Bolsonaro, no esquema chamado de rachadinha.
A mulher e a mãe de Adriano, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega e Raimunda Veras Magalhães, trabalharam no gabinete de Flávio.
Segundo o MP, elas teriam recebido R$ 1 milhão em salários [5] sem nunca ter aparecido para trabalhar. Desse total, R$ 200 mil foram transferidos para contas de Fabrício Queiroz [6], ex-funcionário do gabinete de Flávio Bolsonoro.
Outros R$ 200 mil foram sacados em dinheiro vivo. Os promotores acreditam que essa quantia foi repassada em mãos para o esquema.
Expulso da corporação por envolvimento com jogo do bicho, Capitão Adriano (como era conhecido) foi homenageado, mais de uma vez, pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), hoje senador.