Está no g1
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS [1], que investiga descontos ilegais em aposentadorias, vai ouvir nesta segunda-feira (15) Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”. Ele é considerado pelos investigadores um dos articuladores do esquema que desviou bilhões de reais [2] do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
A informação foi confirmada pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e pela defesa de Antunes. Anteriormente, a defesa havia afirmado que o “Careca do INSS” não compareceria após o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), facultar a ida ao colegiado [3].
“Estamos em contato com a defesa do suspeito e ele confirmou que deseja ir à CPMI para apresentar a versão que ele tem de todo esse escândalo, de todos os fatos que estão sendo divulgados”, afirmou Viana.
O empresário foi convocado na condição de investigado e não terá obrigação de responder a todas as perguntas feitas pelos parlamentares, caso entenda que isso poderá incriminá-lo. Foram 14 pedidos de convocação para ouvi-lo.
Sem citar nomes, o presidente da CPMI afirmou ainda que está em contato também com “outros envolvidos no recebimento do dinheiro, que também estão se predispondo a ir à CPMI”.
A investigação da PF
Na sexta-feira (12), Antunes e o empresário Maurício Camisotti foram presos pela Polícia Federal [4] por suspeita de envolvimento nas fraudes do INSS.
Após a operação, a comissão enviou um pedido para o relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro André Mendonça, para que Antunes fosse liberado para participar da oitiva na CPI, que foi acatado.
- ➡️ Uma investigação da PF revelou um amplo esquema de fraudes e desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões do INSS [5]. Antunes é o lobista apontado pela PF como “facilitador” do caso.
- 👉 A PF afirma que associações e entidades que oferecem serviços a aposentados cadastravam pessoas sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS.
Segundo as investigações, Antunes transferiu R$ 9,3 milhões para pessoas relacionadas a servidores do INSS entre 2023 e 2024. [6]
Por telefone, a defesa de Antunes afirmou à TV Globo que vai buscar a liberdade do seu cliente.
Já Camisotti, que foi preso em São Paulo, é apontado pelos investigadores como sócio oculto de uma entidade e beneficiário das fraudes na Previdência.
Quebra de sigilos
Na quinta-feira (11), a CPMI aprovou a quebra dos sigilos bancários, fiscal e telefônica de Antunes. [7]
Além disso, os parlamentares – todos da oposição – ainda aprovaram pedidos para que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) envie relatórios de inteligência financeira (RIF) sobre as transações feitas por Antunes entre 2017 e 2025.
Ao todo, a comissão aprovou 364 requerimentos para transferências de sigilos de pessoas e entidades relacionadas sobre o caso, como Antunes, o empresário Maurício Camisotti, o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, o ex-ministros da Previdência Social, Carlos Lupi e Ahmed Mohamad Oliveira Andrade.
Há também pedidos de quebra de sigilo contra os ex-servidores do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho e André Fidelis, o empresário Danilo Trento, empresário que também foi investigado na CPI da Pandemia.
Como funcionava o esquema
Segundo a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU), as entidades investigadas:
- 💰 ofereciam pagamento de propina a servidores do INSS para obter dados de beneficiários;
- ✍️ usavam assinaturas falsas para autorizar descontos;
- 💻 criavam associações de fachada, muitas vezes presididas por idosos, pessoas de baixa renda ou aposentados por incapacidade.
As associações cadastravam, sem autorização, aposentados e pensionistas do INSS e passavam a descontar mensalidades diretamente na folha de pagamento. Em muitos casos, os idosos nem sabiam que estavam sendo “associados”.
Há registros de aposentados que, no mesmo dia, foram filiados a mais de uma entidade — com erros de grafia idênticos nas fichas, apontando para fraudes.
De acordo com a PF, dirigentes e servidores do INSS recebiam vantagens indevidas para facilitar a inserção dos descontos nos contracheques dos aposentados, enquanto associações de fachada viabilizavam o desvio.
A investigação começou em 2023 na CGU, no âmbito administrativo. Em 2024, após a CGU encontrar indícios de crimes, a Polícia Federal foi acionada.
Foto reproduzida da Internet