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Durante a entrevista coletiva concedida às mídias independentes transmitida pelo canal do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender com firmeza a proposta do governo de realizar um ajuste fiscal que não recaia sobre os mais pobres. O foco, segundo ele, está na ampliação da base de arrecadação com a inclusão de setores privilegiados e grandes fortunas, historicamente protegidos da carga tributária.
Ao responder questões de jornalistas da Fórum, CartaCapital, TV 247, Diário do Centro do Mundo e TVT News, Haddad afirmou que o atual governo tem atuado desde o início do mandato para corrigir distorções no sistema tributário. “Ajuste fiscal é necessário. Nós concordamos que é, mas ele não pode mais uma vez ser feito em cima da base da pirâmide”, disse. “Quem tem que pagar pelo ajuste fiscal é quem não paga imposto. Não é aumento de imposto, é quem não paga imposto.”Play Video
O ministro citou medidas já adotadas, como a taxação de fundos exclusivos e recursos em paraísos fiscais, aprovadas com apoio do Congresso Nacional. Também criticou a isenção fiscal concedida pelo governo anterior às empresas de apostas esportivas, conhecidas como “bets”, que, segundo ele, resultou em renúncia bilionária. “O governo Bolsonaro isentou as bets de pagamento de impostos, abriu mão de bilhões de reais. Até hoje eu não sei a razão.”
Questionado sobre a tramitação do projeto de lei que altera o imposto de renda da pessoa física, Haddad afirmou que há disposição do governo em dialogar com o Congresso, mas reforçou que a proposta visa a justiça fiscal. Ele comparou a carga tributária de uma professora da rede pública com a de milionários: “Uma professora de escola pública paga 10% de imposto de renda retido na fonte. E uma pessoa que ganha 1 milhão por ano não está disposta a pagar 10%. Tem alguma coisa de muito errado no Brasil.”
O ministro também defendeu a necessidade de combater a desigualdade com instrumentos fiscais. Segundo ele, dados recentes revelam que 47 dos 54 países africanos têm distribuição de renda mais justa que o Brasil. “É um orgulho estar entre as 10 maiores economias do mundo, mas não é bonito figurar entre as 10 piores economias em termos de igualdade social.”
Haddad afirmou ainda que o governo continuará na mesa de negociação com o Congresso para construir o orçamento de 2026 e definir as metas fiscais de 2025 e 2026. Ele reforçou que o projeto de país do governo Lula tem como centro a redução da desigualdade, sem sacrificar os programas sociais. “Se super rico, se bet, se fintech não puder pagar imposto, aí vai ficar difícil fazer o ajuste fiscal em cima do salário mínimo, em cima do Bolsa Família. Não é esse o nosso objetivo.”
Encerrando o raciocínio, o ministro utilizou uma metáfora para resumir o espírito da proposta: “Vamos olhar pro morador da cobertura que não paga o condomínio. É ele que tem que colaborar dessa vez para fazer o ajuste fiscal.”
Foto reproduzida da Internet