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Sem água, comida ou salário: os detalhes aterradores do novo caso de trabalho escravo no RS

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O novo caso de trabalho análogo à escravidão [1] no Rio Grande do Sul que veio à tona neste final de semana tem detalhes aterradores da situação a qual as vítimas eram submetidas. 

Na sexta-feira (10), o Ministério Público do Trabalho (MPT), em operação conjunta com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Polícia Federal, resgatou 56 trabalhadores em condições degradantes [2] em duas lavouras de arroz na cidade de Uruguaiana. Entre os resgatados, estão 10 adolescentes entre 14 e 17 anos. A operação ocorreu poucas semanas após escândalo que chocou o país dos mais de 200 trabalhadores resgatados [3] em situação análoga à escravidão em vinícolas da Serra Gaúcha.

Neste novo resgate, a fiscalização constatou que os trabalhadores aliciados trabalhavam no corte manual do arroz sem equipamentos adequados – eles utilizavam uma faca de cozinha – e tinham que aplicar agrotóxicos sem qualquer tipo de proteção. As vítimas recebiam R$ 100 por dia de trabalho, mas tinham que usar o dinheiro para comprar alimentos e até mesmo os instrumentos de trabalho. 

Os trabalhadores, muitas vezes, ficavam sem comer, já que não era disponibilizado a eles qualquer equipamento de refrigeração, fazendo com que a comida, recorrentemente, estragasse. Eles também não tinham acesso à água e era comum ficarem doentes. Caso precisassem se afastar do trabalho por doença, os trabalhadores tinham o dia descontado de seus salários. 

A deputada estadual Laura Sito (PT-RS) [4], presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Estadual do Rio Grande do Sul, que está acompanhando o caso, deu detalhes sobre a situação degradante dos trabalhadores. 

“Para chegar ao local, eles precisavam caminhar por quase 1h no sol forte. O que dessa forma fazia os alimentos ficarem constantemente estragados, fazendo com que os trabalhadores ficassem sem alimentação”, prossegue, informando ainda que está em contato com a representação do Ministério do Trabalho e Emprego em Uruguaiana, assim com o Ministério Público do Trabalho e a Polícia Federal.

Segundo o auditor-fiscal do trabalho Vitor Siqueira Ferreira, que participou da operação de resgate, os próprios membros da fiscalização ficaram chocados com o que viram. 

Foto: Polícia Federal/Ministério Público do Trabalho


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