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‘Sob pressão e sob forte emoção, ocorrem erros dessa natureza’, diz Mourão sobre fuzilamento de carro por militares no Rio

Está no G1

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão [1], afirmou nesta sexta-feira (12), em entrevista à Rádio CBN [2], que “sob forte pressão e sob forte emoção” ocorrem “erros” como a ação de militares do Exército que fuzilou, no Rio de Janeiro, o carro do músico Evaldo dos Santos Rosa [3].

O músico morreu no último domingo (7) quando o carro que dirigia foi alvo de pelo menos 80 tiros de fuzil disparados por soldados do Exército. Os militares dizem que confundiram o carro com o de criminosos. O delegado responsável pelo caso afirmou que “tudo indica” que o Exército fuzilou [4] o carro da família do músico por engano.

Ao ser entrevistado nesta sexta-feira pela CBN, o vice-presidente foi indagado sobre sua “avaliação” a respeito do caso e o que poderia ser feito para evitar mortes similares.

Ao responder, Mourão disse que os tiros “foram péssimos”, já que, segundo ele, se tivessem a “devida precisão”, a tragédia teria sido “pior” e não teria sobrevivido ninguém. Familiares de Evaldo Santos Rosa que estavam no veículo na hora da abordagem dos militares conseguiram sobreviver.

As cinco pessoas que estavam no carro baleado iam para um chá de bebê: Evaldo, a esposa, o filho de 7 anos, o sogro Sérgio (padrasto da esposa) e outra mulher. Sérgio foi baleado nos glúteos. A esposa, o filho de 7 anos e a amiga não se feriram. Um pedestre que passava no local também ficou ferido ao tentar ajudar.

“Houve uma série de disparos contra o veículo da família. Você vê que só uma pessoa foi atingida, então, foram disparos péssimos. Porque se fossem disparos controlados e com a devida precisão, não teria sobrado ninguém dentro do veículo. Seria pior ainda a tragédia”, afirmou o vice-presidente.

“Sob pressão e sob forte emoção, ocorrem erros dessa natureza”, acrescentou Mourão.

Dez militares do Exército chegaram a ser presos por suspeita de envolvimento na morte de Evaldo, porém, o soldado Leonardo Delfino obteve liberdade provisória porque, segundo os depoimentos, ele não atirou contra o carro do músico.

Nos depoimentos, os nove militares que ainda estão presos admitiram ter atirado contra o veículo onde estava Evaldo e a família dele e disseram que se confundiram com o veículo de assaltantes.

O vice destacou que um inquérito foi aberto para apurar o caso e, se comprovada a culpa dos militares do Exército, eles serão julgados “na forma da lei”.

“Isso aí está sendo investigado, foi aberto um inquérito policial-militar devido, aqueles que forem culpados, a gente já sabe que tem um oficial que é o comandante da tropa, toda situação dessa natureza o responsável é o comando, o primeiro responsável”, enfatizou.

“A gente não tem a mínima dúvida que, uma vez comprovada a culpabilidade dos militares que integravam aquela patrulha, eles serão submetidos ao julgamento e condenados na forma da lei, se for o caso.”

‘Lamentável incidente’

Ao longo da semana, outros integrantes do governo federal também comentaram o fuzilamento do carro do músico no Rio. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, classificou o fato como um “lamentável incidente” e disse que as Forças Armadas vão apurar “até as últimas consequências” [5].

“Lamentável incidente. Agora, foi um incidente, vamos apurar e cortar na própria carne, como estamos fazendo agora”, declarou Azevedo e Silva na quarta-feira (10) na Câmara dos Deputados.

Em entrevista ao programa Conversa com Bial [6], o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, classificou o episódio de “um incidente bastante trágico”.

“Foi um incidente bastante trágico. O que eu vi, porém, é que, de imediato, o Exército começou a apurar esses fatos e tomar as providências que foram cabíveis. Afastou lá parte dos envolvidos. Submeteu eles a prisão. E tem que apurar, né, se houve ali… Os fatos vão ser esclarecidos… Se houve ali um incidente injustificável em qualquer espécie, o que aparentemente foi o caso”, disse Moro.

O ministro da Justiça também disse “as pessoas têm que ser punidas”, porém, “lamentavelmente esses fatos podem acontecer”.

“Não se espera. Não se treina essas pessoas para que isso aconteça. Mas, tendo acontecido, o que conta é o que as autoridades fazem a esse respeito, quais são as providências tomadas. E o Exército está tomando as providências cabíveis.”

Foto: Luisa Gonzalez/Reuters


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