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O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, alertou neste domingo (22) para o risco real de um conflito de dimensões globais, após os recentes bombardeios dos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã. Em entrevista concedida ao jornalista Jamil Chade, da UOL, [1] o ex-chanceler brasileiro classificou o cenário atual como “gravíssimo” e defendeu com urgência uma mobilização pela paz.
“Temo por uma guerra mundial”, afirmou Amorim, ressaltando o potencial destrutivo da atual escalada no Oriente Médio. “Não vejo outra solução a não ser pressionar para um cessar-fogo”, disse ele, reforçando o apelo do governo brasileiro por uma resposta diplomática à crise.
Amorim, que já foi ministro das Relações Exteriores nos governos Itamar Franco e Lula, além de ministro da Defesa no governo Dilma Rousseff, disse que os ataques norte-americanos “não ajudam em nada” e só ampliam o risco de envolvimento de potências militares, como China e Rússia, numa reação em cadeia. “Se começarem a entrar esses atores maiores, aí estamos diante de uma guerra mundial”, advertiu.
Para o assessor, o que se vê é um enfraquecimento dos mecanismos multilaterais de contenção de conflitos, agravado pela paralisia do Conselho de Segurança da ONU. “Essa escalada não se justifica de forma alguma. A paz não virá por esses meios”, declarou. Ele afirmou ainda que “há uma banalização da guerra” e que os países estão tratando ações militares com um grau de normalidade preocupante.
Amorim defendeu que o Brasil reforce sua postura diplomática e atue junto a outras nações para evitar uma catástrofe global. “Temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance. Mesmo que saibamos que não somos a potência principal, temos o papel de ser uma voz respeitada pela moderação”, afirmou.
O assessor especial voltou a destacar que o uso de força contra instalações nucleares é uma violação gravíssima do direito internacional e um risco para a população civil. “São ataques a estruturas altamente sensíveis. Isso pode ter consequências humanitárias e ambientais devastadoras.”
Durante a entrevista, Amorim também elogiou a nota divulgada pelo Itamaraty, que condenou os ataques e reafirmou o compromisso brasileiro com o uso pacífico da energia nuclear. Ele destacou que o momento exige ações coordenadas por países que defendem o multilateralismo, o respeito à soberania e a busca pelo entendimento.
“A paz parece distante, mas é preciso insistir nela. O Brasil deve seguir sendo um agente da moderação e do diálogo”, concluiu.
Foto reproduzida da Internet