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Vamos parar de hipocrisia e deixar de tratar o aborto como um tabu

por Carlos Alberto Barbosa

Falar de aborto nem sempre é uma tarefa fácil, pois o tema além de ser delicado envolve questões morais, científicas, éticas, religiosas e filosóficas. Contudo é preciso parar de hipocrisia e deixar de tratar o assunto como um tabu.

O tema veio outra vez à tona após o ex-presidente e candidato novamente ao Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, ter afirmado que aborto é uma questão de saúde pública, o que causou, como era de se esperar, um pandemônio entre bolsonaristas.

Os apoiadores do capitão, no entanto, ou se esquecem ou preferem esquecer que o presidente Jair Bolsonaro, enquanto ainda era deputado, deu uma entrevista à revista IstoÉ em 2000 e falou sobre o assunto. Ele disse na época que a decisão de manter a gravidez de Jair Renan foi de Ana Cristina, sua ex-mulher. Ao responder sobre “legalização do aborto”, Bolsonaro afirmou que “tem de ser uma decisão do casal”. Portanto…

Mas, tudo o que a extrema-direita quer é trazer a pauta de costumes para a campanha eleitoral que se avizinha. Como disse a escritora Márcia Tiburi, em artigo no portal Brasil 247, Lula disse o óbvio sobre o aborto, “mas em tempos fascistas serás condenado por dizeres o óbvio”. O óbvio é que o aborto é uma questão de saúde pública.

Estamos falando do aborto induzido, que é ainda um tabu em nossa sociedade, quando se realiza um procedimento para interromper a gravidez. Desse modo, ele pode decorrer da própria escolha da grávida, de abusos contra a autodeterminação dos seus direitos sexuais (abortos forçados ou decorrentes de estupro), quando a gestação represente riscos à sua saúde ou quando o feto não tem chances de sobreviver fora do útero, por presença de má formação congênita. Daí, ser o aborto uma questão de saúde pública.

É preciso esclarecer, no entanto, que o aborto induzido pode ser realizado de modo seguro por pessoas treinadas seguindo o método adequado ao tempo da gravidez recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Ressalte-se que existe uma organização não governamental formada por especialistas em todo o mundo que luta pela promoção dos Direitos Reprodutivos das Mulheres. Essa ONG produziu um estudo em que relata que aproximadamente 90 milhões de mulheres em idade reprodutiva vivem nos 26 países em que o aborto é totalmente proibido, mesmo que a saúde ou suas vidas estejam ameaçadas.

A mulher é dona de seu corpo, e como tal só ela, somente ela, pode decidir fazer um aborto ou não. O resto é hipocrisia de uma sociedade machista e conservadora que não entende que o aborto é uma questão de saúde pública e não religiosa.

Ilustração reproduzida da Internet

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