Editorial

O castelo de areia do PMDB vai ruindo aos poucos

Ontem escrevi aqui neste espaço sobre o fato de que caciques do PSDB como Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves e José Serra terem sido citados no esquema do petrolão da Petrobras que ficou conhecido como Lava Jato. Falei no texto en passant sobre o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente José Sarney que, segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, agiram para tentar obstruir as investigações da Lava Jato e que por isso pediu a prisão deles ao ministro Teori Zavascki, relator do caso no Supremo e que negou a solicitação.

Hoje volto ao assunto pois que o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse em sua delação premiada à Justiça que repassou dinheiro de propina para, no mínimo, 18 políticos do PP, PMDB, PT, PSDB, DEM e PSB. Conforme os depoimentos do ex-executivo da maior distribuidora de combustível do país, o PMDB, legenda responsável pela indicação de Machado para a presidência da estatal, teria recebido a maior fatia, cerca de R$ 100 milhões.

De acordo com Machado, o esquema começava com os políticos o procurando para conseguir doações. Na sequência, Machado encaminhava a solicitação de dinheiro à empreiteiras que tinham contrato com a Transpetro. Renan Calheiros, Roméro Jucá e José Sarney (PMDB-AP) são alguns dos nomes delatados por Machado. Os três, segundo o ex-presidente da Transpetro, receberam grana por meio de doações oficiais e em dinheiro em espécie, o que configura propina. Daí ficar claro o interesse deles em obstruir as investigações, óbviamente.

Mas o que chama a atenção é que a lista elaborada por Sérgio Machado e entregue à Justiça tem nomes de opositores do PT, como o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), o ex-senador morto em 2014 Sérgio Guerra (PSDB-PE), o senador José Agripino Maia (DEM-RN) e o deputado federal Felipe Maia (DEM-RN).

Outros parlamentares e ex-parlamentares citados por Machado em sua delação, que teriam sido beneficiados com recursos desviados da Transpetro, são: Cândido Vaccarezza (PT-SP), Jandira Fehgalli (PCdoB-RJ), Luiz Sérgio (PT-RJ), Edson Santos (PT-RJ), Francisco Dornelles (PP-RJ), Henrique Alves (PMDB-RN), Ideli Salvatti (PT-SC), Jorge Bittar (PT-RJ), Valdir Raupp (PMDB-RO) e até o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) e seu filho deputado Walter Alves (PMDB-RN).

As empreiteiras que aceitaram pagar propina para os políticos foram a Camargo Corrêa, Queiroz Galvão , Galvão Engenharia, NM Engenharia, Estre Ambiental, Polidutos, Essencis Soluções Ambientais, Lumina Resíduos Industriais e Estaleiro Rio Tietê.

Daí se chegar a conclusão de que no esquema do petrolão o PMDB, partido que assumiu o governo interinamente, parece era insaciável. O pior é saber que dormia a nossa pátria mãe tão distraída sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações.

Aos incautos devo dizer que o PT teve sim sua parcela de culpa, mas acusar só o partido pela roubalheira na Petrobras e seus braços é não querer enxergar que todos, absolutamente todos os políticos, do baixo ao alto clero, se lambuzaram de uma forma ou de outra do ouro negro jorrado dos cofres da estatal do petróleo.

Vale repetir aqui o refrão da música “Vai Passar” de Chico Buarque:

Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do bulevar

Acorda Brasil, ou se vai continuar o muro de lamentações!

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2 Responses to O castelo de areia do PMDB vai ruindo aos poucos

  1. alob disse:

    Placar das citações: Família Alves 3×2 Maia

  2. Nilson Moura Messias disse:

    Basta de corrupção nas famíglias Alves e Maia. Prisão e devolução da grana.

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