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Coletânea de Causos

Que causos são esses, Barbosa?

Incentivado por amigos resolvi escrever também causos particulares vivenciados ao longo dos anos. Alguns relatos são hilários, e dignos de levar ao programa Que História é Essa, Porchat. Seguem os causos em forma de coletânea.

Editorial, Política

Artigo – Imprensa, empresa, cobras e milho

A vitória – assim como a morte – é pródiga em observar canalhismos. Por isso, é provável que agora, quando o cheiro de pólvora dos fogos de artifício do êxito de Micarla de Souza à prefeitura de Natal ainda é sentido nas ruas, alguns exemplares da espécie permaneçam incólumes na sua desonestidade. Digo, jornalistas, coleguinhas, atiradores por bem dizer. Aqueles que, com seus blogs, editorias e colunas, praticaram ao logo do último pleito um jornalismo enlameado por vícios do arco da vovó de tão velhos, é verdade, mas renovados com um fôlego admirável.

Não bastasse ser a candidata eleita dona de uma emissora deTV e receber apoio de outra, de propriedade do principal patrocinador da sua candidatura – aonde faz alguns meses era enxotada com críticas devastadoras, justo por fazer uso do veículo para alavancar a carreira política -, formou-se no seu entorno um exército de jornalistas e formadores de opinião simpatizantes à sua candidatura, que ultrapassou os limites da simples preferência pessoal.

Convenhamos, agora protegidos pelo êxito de quem defenderam, e o ego (quando não o bolso) blindado com a vitória eloqüente das grandes “previsões” que fizeram, seguirão como se nada de grave, anti-ético e desprezível tivessem cometido. O que jamais concederá o direito da concordância ampla e irrestrita, é verdade.

É também provável que, caso assumam de público a carapuça, clamem por liberdade de empresa. Um ato falho, nota-se. Pois de imprensa restou a queda e o coice (para o bom leitor, claro) da torcida disfarçada de opinião, do pitaco de mesa de bar emulado como análise, do mau caratismo da parcialidade levada às últimas conseqüências de quem, não tendo a decência de assumir a posição política (ou seria a intolerância de gênero e classe?) publicamente, optou pela desonestidade como fato a ser noticiado.

Talvez não haja como medir, ainda, o alcance, principalmente junto à classe média, do trabalho realizado em prol de Micarla de Souza pelos cabos eleitoraqis na imprensa local, seja espontânea ou venalmente. Mas, um alerta é necessário fazer a prefeita eleita: a fatura será cobrada com o mesmo voluntariado de quem se dispôs a botar a mão no fogo, a credibilidade na aposta e até o rosto no vídeo.

E, caso não sejam atendidos nos seus pleitos, orelhas, preás e boquinhas, não deve haver engano: empunharão a bandeira do jornalismo oposicionista, feroz e desleal, tal qual o experimentado por Fátima Bezerra nos últimos meses. Faz parte do jogo, da troca de favores.

Como é esperado que sigam todos os protagonistas dessa pantomina vergonhosa e amoral, por uma linha egípcia de comportamento, desviando os olhos da verdade, resta lamentar profunda e somente pelos leitores ludibriados, trocando as moedinhas que pagam a edição do dia por um panfleto político, inclusive distribuído como tal, não esqueçamos, gratuitamente.

De pronto, o desejo de sorte a Micarla de Souza com o ninho de cobras que será obrigada a manter passadas as eleições. Ou que rompa, como ousou no seu discurso dissimulado, com a tradição nefasta que há, como se diz na Bispolândia (uma terra não tão distante assim) de manter essas aves de mau agouro com fartas e variadas porções de milho. Que escolha o melhor caminho.

Por Rodrigo Levino

Obs do Blog: Recebi o texto acima de uma leitora do Blog e tomei a liberdade de publicá-lo por achar importante a análise feita pelo jornalista e escritor Rodrigo Levino, um dos mais competentes profissionais da nova geração do jornalismo potiguar. A análise que faz sobre a interferência da mídia, incluindo aí colegas e empresas de comunicação no processo eleitoral notadamente em Natal é perfeita. É preciso que o leitor/eleitor fique atento sobre o assunto. Parabéns a Rodrigo Levino pelo belo texto.

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