Editorial

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O que PRC tinha que falar já falou à PF. O resto é picadeiro!

Palhaçada essa CPI mista da Petrobras. Todos sabem que o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, considerado o “homem-bomba” da República, que o que tinha pra falar sobre um esquema de corrupção dentro da Petrobras envolvendo políticos e até ministros de Estado já foi levado ao conhecimento da Política Federal em delação premiada, inclusive, com documentos apreendidos em computadores de seu escritório. O recente avanço das investigações trouxe provas de que, seja ao lado do doleiro Alberto Youssef ou de outros parceiros, Paulo Roberto comandava um esquema de corrupção quando era diretor de Abastecimento da Petrobras, até 2012. 

Aliás, sobre o seu depoimento ontem na CPMI o próprio procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já dissera que todo acordo de delação premiada “impõe sigilo a todos os envolvidos” e que, por lei, ninguém pode relatar o seu conteúdo. Portanto, o que se esperava na sessão de ontem da CPMI era mesmo pão e circo e muito holofote. Nem precisava mais o “garganta profunda” brasileiro confirmar o que já dissera em depoimento à PF, pois que a delação premiada vazou e foi as páginas da revista Veja para que todo o Brasil tomasse conhecimento.

Os denunciados na delação de Paulo Roberto Costa tentaram e tentam ainda desqualificar o seu depoimento dizendo tratar-se de denúncias sem provas. Mas como denúncias sem provas se a PF recuperou todos os arquivos, inclusive, gravações que estavam em seu escritório? Como as denúncias serem vazias se a delação premiada requer provas sob pena do delator não ter direito a “premiação”, ou seja, a redução de pena? Por si só isso já justificaria que a desqualificação das denúncias não procedem.

E mais: nenhum dos denunciados, apesar das notas tentando desqualificar o ex-diretor da Petrobras, ameaçou o delator de processo por calúnia e difamação, pois que estão se sentindo prejudicados, entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), candidato a governador do estado. O jornalista Josias de Souza sintetizou bem em artigo colocado em seu blog, a recusa de Paulo Roberto Costa em falar pela segunda vez na CPMI: “Silêncio de delator na CPI diz muito sobre o país”.

Disse Josias de Souza que “o silêncio do delator confirma que, entre 2004 e 2012, período em que comandou a diretoria de Abastecimento da Petrobras, realizaram-se na maior estatal brasileira tenebrosas transações” e que “o silêncio do delator esclarece que o modelo político ainda em vigor é o presidencialismo de cooptação, não de coalizão”.

E arremata:

– De resto, o silêncio do delator grita que, se não tomar cuidado, você continuará frequentando o picadeiro vestido de palhaço. 

 

 

 

 

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