Editorial

A Venezuela é aqui e agora

Aqueles que diziam que os governos do PT queriam implantar uma Venezuela aqui no Brasil, agora têm razão suficiente para dizer que o governo golpista de Temer, este sim, caminha pra isto diante da crise que foi instalada neste país varonil com a paralisação dos caminhoneiros. Muitos dirão: mas Barbosa o PT defende o governo de Maduro. E daí, nunca defendi ditadura seja ela de direita ou de esquerda. Portanto, fico bastante à vontade para dizer que a Venezuela é aqui e agora.

O cotidiano do país vizinho tem inflação em quatro dígitos, senha para ir ao supermercado, escassez de produtos básicos, e violência em alto grau. Estamos chegando lá. E não venham me dizer que a culpa é do PT, um discurso vazio e sem conteúdo. Falar que o PT é culpado porque Temer foi o vice de Dilma é discurso de quem não tem argumento, porque todos sabemos que se vota na chapa e não no candidato isolado. Aliás, desde a década de 1960 que no Brasil não se vota isolado pra presidente e vice.

Mas voltemos à Venezuela, país com 30 milhões de habitantes, tendo as maiores reservas de petróleo do mundo, mas vem sofrendo uma maciça e severa recessão econômica desde que os preços globais da commodity caíram drasticamente, há três anos.

Bom lembrar ao leitor que a pobreza na América Latina cresceu em 2016 e alcançou 30,7% da população, principalmente pelo revés econômico no Brasil e na Venezuela, que reduziu a média regional, de acordo com relatório da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).

Mas o “X” da questão, assim como na Venezuela está no petróleo, cobiça antiga dos Estados Unidos. Nós não somos venezuelanos, o governo Michel Temer não é de esquerda e o mundo não está mais polarizado entre capitalistas e comunistas como na década de 1970. O discurso anti-petista que foi diariamente vomitado pela imprensa escrita e televisada desde a derrota de Aécio Neves, resultou no que agora vemos.

A primeira coisa a fazer para tentar entender o que está ocorrendo é corrigir as distorções que nós mesmos criamos ao comparar o presente ao passado, como bem disse o jornalista Fábio de Oliveira Ribeiro em artigo publicado no Jornal GGN, de Luís Nassif e republicado no blogdobarbosa.

Não custa lembrar o que disse ainda Ribeiro:

Em 2015 a elite bateu as panelas que não utilizava porque as panelas dos pobres estavam vazias.

Em 2018 as panelas dos pobres estão vazias e as dos ricos serão esvaziadas porque os caminhoneiros estão famintos. Durante os governos petistas havia caos aéreo porque os pobres estavam viajando de avião. Agora que o combustível de aviação não chega aos aeroportos e as estradas estão trancadas eles não poderão viajar nem de carro. É impossível dizer o que irá ocorrer. Nós sabemos apenas o que ocorreu no passado.

Dilma Rousseff não usou o Exército para reprimir os caminhoneiros que ajudaram a fragilizar seu governo. Com o aval dos juízes, o frágil governo do usurpador Michel Temer já mandou o Exército desobstruir as estradas federais. Rebaixados à manobristas de caminhões, os oficiais militares fizeram de conta que irão obedecer seu comandante supremo. Suspeito que no fundo eles sabem que a missão do Exército não é maltratar grevistas para garantir as margens de lucro das refinarias norte-americanas.

E completa:

O que está em jogo não é apenas o governo Michel Temer. Ele é um fenômeno transitório, fadado a terminar após as eleições. A partida que está sendo jogada pelos caminhoneiros coloca em risco a lógica do neoliberalismo implantado no país com ajuda dos próprios caminhoneiros. E me parece que eles já perceberam que eles serão os perdedoras enquanto o petróleo cru for exportado e o diesel refinado importado dos EUA.

A base ideológica do golpe foi o compromisso das privatizações dos dois maiores ativos do Estado brasileiro, a Eletrobras, prometida à venda por R$ 12 bilhões para ativos físicos que valem R$ 400 bilhões e a estatal do petróleo, que vale só pelas suas reservas 350 bilhões de dólares, sem considerar o valor do mercado brasileiro do qual ela é a única fornecedora (até Pedro Parente, presidente da Petrobras abrir a importação para concorrentes), mais as refinarias, oleodutos, navios, enormes bases de distribuição, tancagem, apesar de boa parte desses bons ativos terem sido vendidos com sofreguidão pela desastrosa gestão Parente.

Portanto, caro leitor, se falava tanto na Venezuela, de que o PT iria implantar aqui o regime de Maduro, agora está aí.

A conferir!

Foto reproduzida da Internet

 

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2 Responses to A Venezuela é aqui e agora

  1. Carlos A. Barbosa disse:

    Obrigado por seguir o blog. Abraço!

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