O Baú da Fotografia

O Baú da Fotografia

Essa quem me enviou foi o amigo Marcos Pedroza.

Natal, rua Ulisses Caldas, um dia qualquer do ano de 1943. Um grupo de soldados americanos visitam uma loja à procura de um item raro e valiosíssimo no período. Eles não são os primeiros. A fama da loja atravessou o oceano e, antes mesmo de chegarem a Natal, eles já sabem que precisarão visitar o lugar.

A loja é a Casa Rio – que anos depois deu origem às lojas Rio Center, que existem até hoje na cidade. Os jovens americanos, como sempre, vestem seus uniformes cáqui e chamam atenção por onde passam. O que eles procuram de tão valioso? Meia-calça de seda!
Um par delas vale a felicidade de uma noiva, uma irmã, uma mãe, e a gratidão eterna dessas figuras femininas quando ele voltar para casa.
A cena repetiu-se durante todos os anos em que os americanos estiveram por aqui. 
Quem conta é dona Guiomar Araújo, viúva de Alcides Araújo, que administrava a loja junto com o pai.
“Os americanos ficavam doidos quando viam que a gente vendia meia-calça. Eles diziam que não tinha mais meia-calça no mundo por causa da guerra. Compravam muito, pagavam em dólar.
Eu e Alcides tivemos que pedir muito mais peças para o fornecedor em São Paulo. Era um pedido tão grande que o fornecedor achou que a gente estava de brincadeira, e ligou muito pra mim muito chateado. Eu disse ‘mande as meias que eu pago adiantado’!
Enquanto os americanos estiveram por aqui, vendi mais meia-calça que na minha vida toda, eu acho” relembra ela, com uma memória irretocável para os seus 90 anos.

*Texto originalmente publicado na revista Glam #11. A imagem que ilustra o artigo foi cedida por Minervino Wanderley.

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4 Responses to O Baú da Fotografia

  1. S.O.S GERAL!!! Caro Barbosa, sou escritor e preciso de uma informação valiosa para meu próximo livro. No início dos anos 70 era acirrada a disputa de Rainha do Carnaval. Ganhou uma linda, que se chamava Sueli. A segunda colocada ameaçou questionar na justiça, alegando menoridade da vencedora. Essa antecipou-se e exibiu documentação e prova de autenticidade. O fato rendeu a marchinha de um compositor natalense, que tocou nos rádios durante todo aquele carnaval. Dizia assim: “Fiquei tão triste quando ouvi falar, que Sueli não tinha idade prá reinar”. Você ou algum dos seus leitores saberia a letra inteira e o nome completo do compositor?
    Grato
    marcos-benelux@hotmail.com

    • Carlos A. Barbosa disse:

      Muito bom dia, amigo. Confesso que não sei lhe dizer, até porque em 1970 não morava em Natal. Estava no Rio. Em todo caso, quem pode lhe ajudar é Zé Dias, que é produtor cultural.Não sei o celular dele nem o e-mail, mas se conseguir lhe passo. Abraço e boa sorte!

  2. Ivson Medeiros Cavalcanti disse:

    Meu caro Dido,

    Aconselho que voce mude esta foto que abri o seu blog, o Sr. Alcides Araújo,na Casa Rio vendendo meias-calça aos soldados americanos, para eles presentearem as meninas dos bordéis da Ribeira. já faz tempo que a foto tá exposta, pois, nos dá a impressão que vc não atualizou o Blog.

    Abraço,
    Ivson

    • Carlos A. Barbosa disse:

      Muito boa noite, amigo. Agradeço a observação, mas ressalto que se vc observar bem, verá que esta foto é móvel, ou seja, tem outras fotos em seguida e que fazem parte do Baú da Fotografia.

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