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Baú de um Repórter

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Que causo é esse, Barbosa?

Incentivado por amigos resolvi escrever também causos particulares vivenciados ao longo dos anos. Alguns relatos são hilários e dignos de levar ao programa Que História é Essa, Porchat? Segue o primeiro de uma série:

Entrei de gaiato no navio

Ao comemorar os meus 40 anos de idade – faço aniversário no mesmo dia que o amigo e colega João Maria Medeiros, 22 de janeiro – um grupo de amigos combinou de comemorar o meu niver num lual nos Parrachos de Pirangi – piscinas naturais -, era verão e estávamos veraneando na praia de Búzios, litoral sul do Rio Grande do Norte.. 

João Maria iria preparar um jantar para comemorar o aniversário dele e nos convidou, eu e a minha esposa, Valéria. Agradeci, porque já havia assumido o compromisso de comemorar o meu niver num lual nos Parrachos.

O amigo Jobson – Bob, é assim que ele prefere ser chamado – organizou tudo, inclusive o barco que iria levar o grupo até os Parrachos para o lual. Contando comigo e Valéria, o grupo somava umas 12 pessoas.

Bob, que toca violão, disse que o barco tinha uma churrasqueira e que levássemos espetinhos de churrasco e a bebida para comemorar o meu niver. Eu, levei uísque, acompanhado de um pequeno cooler com gelo. Valéria carregou as mãos de espetinhos de churrasco e de queijo de coalho.

Pois muito bem: o lual era numa sexta-feira de janeiro. Eu trabalhava nesta época no extinto Diário de Natal como editor de Economia. Bob havia dito que o barco sairia às 19h da frente da casa em que ele estava na enseada de Búzios. Combinei com o sub-editor de Economia que, por seu o meu aniversário, iria sair mais cedo do jornal – normalmente saia por volta das 21h e na sexta que era dia de “pescoção”, um pouco mais tarde porque fechávamos o jornal do sábado e parte de O Poti que circulava aos domingos.

Tudo acertado com o sub-editor, Valéria me liga por volta das 18h30 dizendo que Bob tinha avisado que a maré só estaria baixa às 21h, e que, portanto, não precisava se apressar. Mas, como já havia combinado de sair mais cedo do jornal, aproveitei para pegar Valéria e meus três filhos ainda pequenos para comer uma pizza em Natal e depois seguir pra Búzios. Em Búzios estávamos na casa da irmã de Valéria, Rosângela, que ficava próximo de onde o barco iria sair. Ocorre que as horas foram passando e não me dava conta de que poderia pegar um trânsito ruim para Búzios na Rota do Sol. Dito e feito: chegamos na casa da minha cunhada quase às 21h, pra ser mais exato, era por volta das 20h50. Deixamos as crianças e as bagagens do fim de semana na casa da Rosângela e seguimos para a enseada de Búzios de onde a embarcação iria sair. Pra nossa surpresa ao chegar na casa de Bob e Soraya – sua ex-mulher – Betão, surfista, na época cunhado de Soraya disse: “Mermão, o barco não vai sair daqui não, vai sair de Pirambuzios, corram que vocês ainda pegam”. Rsrsrs. Empurrei o pé no acelerador e chegamos em Pirambuzios.

Fomos logo surpreendidos com a quantidade de carros à beira mar. Bob havia dito que era um barco de pescador, grande, tipo lagosteiro. Imaginei logo que o nosso grupo não estaria só neste barco. Pegamos o uísque e os espetinhos e fomos para a beira mar aguardar uma pequena balsa que estava vindo pegar as pessoas que iriam para o passeio. Encontramos um casal que não conhecíamos aguardando o balseiro. Ficamos um pouco desconfiado porque o barco, na verdade, era um veleiro que estava todo iluminado. Aí Valéria teve a curiosidade de perguntar ao casal se eles conheciam Soraya. A moça disse que sim. Ficamos mais tranquilos.

Chega o balseiro para nos apanhar e levar até o barco – veleiro, na verdade. Curioso também, perguntei a ele se havia pego um gordo. Ele me respondeu que já tinha levado pelo menos três pessoas gordas para o barco. Me tranquilizei mais ainda porque tenho um amigo – Emmanuel – que é gordo e iria no passeio. Ao chegar próximo ao barco, percebemos se tratar mesmo de um veleiro e estava todo iluminado. Na proa tinha uma pessoa gorda com um copo na mão, mas de baixo para cima, ou seja, da balsa para proa do veleiro só víamos a silhueta da pessoa. Como gosto de brincar com os amigos, fui logo gritando: E aí gordo viado, chegamos! O cara reponde: suba viado!

Quanta surpresa ao pormos os pés na proa do valeiro. Estavam todos com camiseta branca e com o nome da DIA – distribuidora de alimentos. Era um lual patrocinado pelos donos da empresa para os amigos. Foi aí que me deparei que eu e minha mulher tínhamos entrado de gaiato no navio. Na proa tinha muitos jovens dançando ao som de um DJ. Valéria foi logo dizendo. Vamos lá para cima – tinha uma parte que ficava sobre a cabine do comandante e acomodava algumas pessoas, inclusive, com bancos. Subimos. Ela fechou logo a cara e foi dizendo: “devíamos ter ído para o jantar de João Maria. Não dei bolas. Relaxei, abri o uísque e comecei a tomar. Aí o timoneiro do veleiro pede ao microfone para as pessoas que estavam na parte de cima descer para contrabalançar o peso do barco e poder zarpar. Valéria disse logo que dali não saía. Algumas pessoas desceram e o veleiro partiu rumo aos Parrachos, e eu, claro, tomando o meu uísque. Foi quando alguém gritou: Barbosa, Barbosa. Olhei para trás e vi que era o advogado do Sindicato dos Jornalistas, Élcio, o nome dele. Expliquei a ele o que nos ocorreu e ele disse que não tinha problema, e que quando chegássemos nos Parrachos certamente o nosso barco iria aparecer.

Dito e feito: quando o veleiro aportou nos Parrachos, pouco tempo depois ouvimos o barulho de motor toc, toc, toc, o nosso barco chegando. Era um barco de pescador tipo lagosteiro. Soraya, a nossa amiga, desceu do barco e foi ao encontro do veleiro, pois que o seu irmão – Dr. Zé Rosendo, oftalmologista e sua esposa de nome Soraya que eu falei no início que a moça conhecia – estavam no Veleiro. Quando Soraya nos viu foi logo gritando chamando a gente para ir para o nosso “verdadeiro” barco. Já tinha tomado umas, tirei a bermuda, fiquei de sunga e mergulhei nos Parrachos. Tinha um canoeiro que estava dando apoio ao veleiro. Chamei ele e fui até o nosso barco. Voltei e fui buscar Valéria que não havia levado roupa de banho. Na época estava no ar a novela “Cosa Nostra”, na Globo. Quando cheguei próximo ao veleiro gritei para Valéria: “Amore mio” vim te buscar. Ela irada, virou o rosto, mas com a ajuda do advogado meu amigo do Sindicato dos Jornalistas, acabou descendo do veleiro com os espetinhos na mão.

Concluindo: tomamos uma cana tão grande no barco lagosteiro que na volta não sabia nem aonde tinha deixado o carro. O barco parou no rio, próximo ao Banga e eu havia deixado o carro em Pirambuzios.

Foto: Arquivo

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