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No jornalismo acontecem coisas que a gente não consegue compreender principalmente na área política. As pessoas não entendem que o jornalista cumpre o seu papel, ou seja, de noticiar os fatos. Claro, existe como em toda profissão aqueles profissionais que costumam deturpar as coisas. Não é o meu caso. Apenas procuro me reportar aos fatos e opinar sobre eles. Mas vamos ao que interessa:
O dia em que fui surpreendido por uma proposta indecente
Nas minhas memórias como repórter tem algumas que infelizmente estão registradas no meu baú. Sempre prezei pela ética e pela moral não só como profissional de jornalismo, mas acima de tudo pelas lições de vida que aprendi com o meu velho e querido pai, Fancisco das Chagas Barbosa.
Pois muito bem: Já tive oportunidade de relatar nessas minhas memórias o “escândalo das atas” ocorrido na Câmara Municipal de Natal quando era presidente da Casa o ex-vereador Sid Fonseca. O escândalo basicamente aconteceu por fraudarem uma ata para beneficiar o ex-vereador Marcílio Carrilho que havia acusado o então governador do Rio Grande do Norte Geraldo Melo de tentar “comprar” deputados na Assembléia Legislativa para aprovar matéria de seu interesse. Bem, isso eu já contei. O que não contei é o que vou relatar agora.
O escândalo rendeu pelo menos por uns três meses. Era dezembro e na véspera da Câmara entrar em recesso Sid Fonseca liga pra redação do Diário de Natal – jornal o qual eu trabalhava e era repórter de política – perguntando se dava para ir até o seu gabinete. Isso era por volta das 19h. Disse a ele que estava redigindo uma matéria e tão logo saísse do jornal iria até a Câmara. Fonseca disse então que me aguardava.
Cheguei na Câmara devia ser por volta das 19h30. Quase ninguém no prédio. Só os vigilantes e a secretária de Sid na ante-sala do gabinete. Assim que cheguei como ela – a secretária – já me conhecia falou para entrar direto na sala. Sid Fonseca me cumprimentou e começou a falar sobre o escândalo das atas. Me perguntou se ia ter continuidade durante o recesso da Câmara e eu disse que sim. Afinal muita coisa precisava ser ainda esclarecida. Ele então me disse que não tinha mais nada para ser esclarecido e que o jornal deveria parar com as matérias sobre o assunto. Respondi que não caberia a mim continuar ou não fazendo matérias sobre o caso. O jornal é que determinava a pauta.
Fala daqui fala dali Sid disse que estava de viagem para Gramado (RS) onde iria passar o Natal com a família e gostaria que o assunto morresse porque estava sendo muito desgastante para ele. Voltei a dizer que não dependia de mim. Foi aí que ele parou de rodeios e me perguntou qual o número da minha camisa porque gostaria de me presentear. Que estava indo ao Sul e traria uma camisa pra mim. Esperei ele acabar de falar, agradeci, desejei a ele uma boa viagem e me retirei de seu gabinete. Nunca mais ele tocou no assunto.
Obs do Blog: O web-leitor que quiser conhecer outras memórias deste repórter é só ir em BUSCA na coluna à direita do Blog e digitar uma palavra-chave tipo baú.
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