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A jornalista Fernanda Soares, assessora do Sindsaúde-RN, denunciou em rede social a truculência sofrida por ela, seu namorado e seu pai no último domingo (26) por parte de seguranças de uma empresa contratada pelos promotores do “Muitos Carnavais”, no Pólo Petrópolis na praça Cívica, em Natal, onde aconteceu o show do Monobloco.
Em entrevista exclusiva ao blog Fernanda disse que ela, seu namorado e seu pai vão processar todos os envolvidos. ” A prefeitura que aceitou essa segregação, mesmo com uma portaria do Procon impedindo que esse tipo de evento ocorresse em um espaço público durante o carnaval, a empresa terceirizada CERTA Segurança que de forma totalmente despreparada e agressiva nos violentou e a organização do bloco “Grandes Carnavais” desse que privatizou o espaço e nos insultou dizendo que queríamos fazer bagunça. No mesmo dia do ocorrido prestamos queixa na delegacia e fizemos o Boletim de Ocorrência. No dia seguinte, fomos fazer exame de corpo delito no Itep. Tudo isso com o acompanhamento da nossa advogada que está acompanhando o caso”.
Segundo a jornalista, “a elite deste estado sempre teve privilégios em outros eventos e em outras circunstâncias. O Pólo Petrópolis evidenciou isso com mais força com a divisão que foi feita. É um absurdo que isso aconteça e que ao invés de ser um carnaval que agregue as pessoas, seja um carnaval que impede que as pessoas possam circular em espaços públicos e sejam agredidas por questionarem.” Confira a entrevista na íntegra:
1- blogdobarbosa – Caiu nas redes sociais que você e seu namorado teriam sido agredidos por seguranças que fazem a proteção do Muitos Carnavais ao tentarem acesso a uma lanchonete. Como foi isso?
Fernanda – Isso, Barbosa. O show foi lindo e estava tudo tranquilo, até que tivemos a brilhante ideia de comermos. Estava com meu companheiro Felipe Nunes e meu pai Nando Poeta, quando nos dirigimos ao estabelecimento do PASSAPORTE LANCHES, geralmente quando tem eventos perto sempre comemos por lá. Mas fomos barrados por não ter a pulseira. Felipe questionou e por que não poderia consumir, pois se tratava de um espaço público, sem qualquer insulto e violência. O segurança da empresa terceirizada CERTA SEGURANÇA reforçou que só com a pulseira e foi aí quando ele novamente questionou porque tinha gente dentro sem pulseiras. Nesse momento, a resposta para o questionamento de Felipe foi um chute na canela. Então, meu companheiro reagiu e os outros seguranças foram pra cima dele. Quando eu percebi a situação fui pra cima pra tentar conter as agressões, mas ao invés disso, me agrediram também. Tanto seguranças mulheres, quanto homens. Me deram uma gravata no pescoço, me jogaram no chão e puxaram meu cabelo. Foi tudo muito rápido, vi quando meu companheiro e meu pai se juntaram pedindo que me largassem e os dois foram novamente agredidos. Isso tudo acontecendo e a polícia assistindo e sendo omissa, afinal, estavam alí para proteger quem tinha a pulseira. Fiquei muito revoltada, gritei, reagi, mesmo saindo com alguns ferimentos visíveis no corpo. Após ocorrer esse show de violência, os seguranças tiraram as grades e deixaram o local com livre acesso e começaram a se dispersar. Como se não bastasse, quando estávamos passando para o outro lado da Praça, algumas pessoas que estavam na lanchonete assistiram de camarote começaram a aplaudir e nos insultar com palavras como “prende essa vagabunda”. Pessoas essas, que ao invés de se sensibilizarem, reforçaram a violência e a segregação feita pelos realizadores do espaço que privatizaram o espaço público para se separar do “povão”. Mas, ao mesmo tempo me senti fortalecida com o apoio de alguns conhecidos que presenciaram e prestaram toda solidariedade e indignação.
2- blogdobarbosa – Vocês vão acionar à Justiça por danos físicos e morais?
Fernanda – Sim. Vamos processar todos os envolvidos. A prefeitura que aceitou essa segregação, mesmo com uma portaria do Procon impedindo que esse tipo de evento ocorresse em um espaço público durante o carnaval, a empresa terceirizada CERTA Segurança que de forma totalmente despreparada e agressiva nos violentou e a organização do bloco “Grandes Carnavais” desse que privatizou o espaço e nos insultou dizendo que queríamos fazer bagunça. No mesmo dia do ocorrido prestamos queixa na delegacia e fizemos o Boletim de Ocorrência. No dia seguinte, fomos fazer exame de corpo delito no Itep. Tudo isso com o acompanhamento da nossa advogada que está acompanhando o caso.
3 – blogdobarbosa – Tenho denunciado, através de Editoriais neste espaço, que a prefeitura do Natal criou uma segregação social no carnaval no Pólo Petrópolis, privilegiando pessoas que saem em blocos de elite com a criação, digamos, de uma área vip usando um espaço público, caso da praça Cívica. O que você tem a dizer sobre isso?
Fernanda – Pois é, não só no carnaval, a elite deste estado sempre teve privilégios em outros eventos e em outras circunstâncias. O Pólo Petrópolis evidenciou isso com mais força com a divisão que foi feita. É um absurdo que isso aconteça e que ao invés de ser um carnaval que agregue as pessoas, seja um carnaval que impede que as pessoas possam circular em espaços públicos e sejam agredidas por questionarem.
4 – blogdobarbosa – Qual a sua opinião sobre o Carnaval Multicultural de Natal?
Fernanda – Sabe a máscara que usamos na época de carnaval? Acho que o carnaval multicultural de Natal se resume à isso: uma máscara que esconde as imperfeições e os problemas da nossa cidade. Em tempos de crise em que os trabalhadores são quem pagam a conta e que muitos não participaram dessa festa por causa dos salários atrasados, o prefeito Carlos Eduardo paga caches caríssimos com atrações nacionais. Eu acho que a população precisa de diversão e arte, temos direito de curtir o carnaval, mas antes disso precisamos do pão.
5- blogdobarbosa – Você como jornalista o que diria ao prefeito sobre a segregação social do carnaval e, sobretudo, com o ocorrido com você e seu namorado?
Fernanda – Infelizmente, faço esse questionamento ao prefeito Carlos Eduardo: Carnaval para quem? Para uma elite branca e de classe média? Para quem pode pagar 50/100 reais por uma área VIP em um show público bancado por nossos impostos? Espaço VIP esse proibido pelo Procon Natal esse ano. Meu total repúdio à organização do bloco “Grandes Carnavais”, à empresa CERTA de segurança totalmente despreparada e agressora, e à prefeitura de Natal que foi conivente e permitiu a privatização da praça pública. Afinal, que carnaval MULTICULTURAL é esse que promove segregação?
6 – blogdobarbosa – Sobre o incidente você e seu namorado se machucaram?
Fernanda – Sim. Eu e meu companheiro nos machucamos pelo simples fato de questionarmos. Hoje estou com dores, tomando antibiótico e com os joelhos muito machucados. Impossibilitada de brincar o que resta do carnaval. Meu pai de 53 anos que entrou para me proteger também está com o pé machucado.
7 – blogdobarbosa – Pretendem ainda passar o carnaval em Natal, caso continue da forma que está?
Fernanda – Há 10 anos eu não passava o carnaval em Natal. E sinceramente, eu não queria que isso tivesse ocorrido. Pensava em um carnaval alegre, mesmo nessa crise econômica e política que estamos vivenciando, mas, infelizmente, o carnaval acabou pra mim quando ocorreram essas agressões. Natal não tem nada a ver com isso, mas sim, os responsáveis que cada vez mais querem segregar o carnaval.
8 – blogdobarbosa – E sobre a recomendação do Procon Natal desrespeitado pela própria prefeitura, o que você tem a dizer?
Fernanda – Além de sofrermos agressões, a organização do bloco “Grandes Carnavais” agiu ilegalmente, desrespeitando a portaria nº 8 do Procon Natal publicada no dia 20 de fevereiro. E a prefeitura foi conivente, pois deixou que cercassem uma parte da Praça Cívica para que a elite pudesse estar segura com o apoio dos seguranças particulares e das grades que dividem do resto do público. Se o carnaval de Natal é “Multicultural”, é do povo, isso não deveria existir.
Detalhe: Leia Editoriais sobre o assunto clicando aqui e aqui
Barbosinha, mesmo estando aqui em Brasília, comuniquei o fato ao colega Breno Perucci, presidente do Sindjorn, pedindo providências!
Valeu Nicolau. Obrigado em nome da nossa colega.