Entrevista

Humor: `a nova ordenação jurídica nos permite condenar por achismo e ilações, diz juiz Décio Moco, de Barril

O jornalista Gyro Gearloose, depois de um bom período descansando conseguiu uma entrevista exclusiva com o juiz Décio Moco, que conduz as investigações da Lava a Seco em Barril, país longincuo da América do Sul, mas que assim como no Brasil, a Justiça espera prender o ex-presidente e líder político daquele país, o sr. Molusco, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Nesta entrevista Décio Moco diz seguir a nova ordenação jurídica de seu país, ou seja, para prender uma pessoa basta ter convicções e achar por ilação que o cidadão cometeu um crime, mesmo sem provas cabais. Segundo Moco, “a nova ordenação jurídica nos permite condenar por achismo e ilações”. Veja a entrevista na íntegra:

1-Gyro Gearloose – Dr Décio Moco, o Sr está prestes a prender o ex-presidente de Barril, Molusco. Que provas concretas o Sr tem contra ele?

Décio Moco – Meu caro repórter, a nova ordenação jurídica nos permite prender uma pessoa apenas por achismo e ilações. Não tenho provas contra o Sr Molusco, mas vou condená-lo porque a literatura jurídica assim me permite.

2-Gyro Gearloose – Mas isso, do ponto de vista de justiça, tá correto Dr Moco?

Décio Moco – Não se trata aqui de fazer justiça. Como já disse, a nova ordenação jurídica nos permite condenar por achismo e ilações e disso eu tenho plenas convicções. Ademais, isso é o clamor da elite de Barril, da classe dominante deste país. Não posso fraquejar.

3-Gyro Gearloose – Dizem que o Sr segue a risca o que determinada parte da imprensa pauta. Isso procede?

Décio Moco – Isso é um absurdo. Não tem o menor cabimento dizerem isso de mim. É por isso que encerrada a missão de prender o Sr Molusco (Rs,rs,rs), vou morar nos Estados Unidos, sem medo de ser feliz.

4-Gyro Gearloose – Mas Dr Décio Moco, teve um revista semanal daqui de Barril, que já afirmou em reportagem como será a operação para prender o Sr Molusco. Pela reportagem teremos helicóptero, camburões da Polícia, interdição de ruas, enfim, um verdadeiro espetáculo transmitido em tempo real pela imprensa de Barril e do Mundo.

Décio Moco – Mas claro. Barril aguarda com ansiedade esse desfecho, que pra mim vai valer muito no meu currículo nos States. Desculpe a minha modéstia, mas é que pretendo me tornar cidadão americano.

5-Gyro Gearloose – Mas como pode a operação ter vazado para um único órgão de imprensa?

Décio Moco – Não deveria revelar, mas como você é correspondente de um Blog lá no Brasil, onde me parece a situação é a mesma que aqui, nós temos uma parceria com setores da imprensa barrilense. Óbviamente, com a imprensa séria comprometida com a verdade, não aquela imprensa marron, que só quer denegrir a imagem do Judiciário. Certamente isso não ocorre no Brasil, né? No caso da operação para prender Molusco, demos a informação apenas a essa revista que você fala, para depois não dizerem que vazamos a informação pra todo mundo.

6-Gyro Gearloose – Mas isso é correto, ou seja, privilegiar um órgão de imprensa com informações que deveriam ficar reservada apenas à Polícia? Não é pra criar expectativa não?

Décio Moco – Absolutamente!

7-Gyro Gearloose – O Sr não teme ser julgado pela história se ficar provado que o Sr agiu de forma a incriminar um líder político, como Molusco, por apenas achar que ele tinha participado da Operação Lava a Seco e com base em ilações e delações de pessoas interessadas em ter diminuída a sua pena?

Décio Moco – Estou convicto de que Molusco tem culpa, sim, no cartório. Repito mais uma vez; a nova ordenação jurídica nos permite condenar por achismo e ilações, e a elite barrilense nos apoia.

8-Gyro Gearloose – Pra finalizar a nossa entrevista, o Sr é a favor do auxílio-moradia para juizes?

Décio Moco – Certamente que sim. Nós ganhamos muito pouco e o auxílio-moradia, na maioria dos casos, ajuda a aumentar a nossa renda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Compartilhe:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *