Difícil acreditar que o mercado editorial no Brasil esteja enfrentando dificuldades e provocando um efeito dominó com livrarias fechando por falta de compradores. Livro neste país varonil virou sinônimo de coisa obsoleta, ultrapassada. O que está em moda são as redes sociais, muitas vezes se utilizando de notícias falsas prejudicando pessoas.
Me reporto ao fato inspirado num texto que recebi de um colega de São Paulo onde ele diz:
“Nem lendo os bolsonazis deixam de ser idiotas… Olhem este diálogo que um deles teve comigo:
- Jerry, pare de ler livro, meu!! (observação do Blog: “meu” é uma gíria muito usada em São Paulo)
- Por que você fala isso?, pergunta Jerry.
O que o seu interlocutor responde: - As novas tecnologias de internet, i-fone (sei lá como se escreve esta porra), vão substituir o livro.
- É mesmo? Onde você estudou isso? Indaga Jerry
- Li num livro!
Não sei se é pra rir ou pra chorar. Contudo, para retratar bem a realidade em que estamos vivendo nestes tempos de redes sociais, recorro, mais uma vez, a lucidez mordaz do escritor e filósofo italiano (in memoriam) Umberto Eco. Disse ele certa vez: - As redes sociais dão o direito de falar a uma legião de idiotas que antes só falavam em um bar depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a humanidade. Então, eram rapidamente silenciados, mas, agora, têm o mesmo direito de falar que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis.
Perfeito Umberto Eco! - Aliás, muitos falam que as redes sociais estão tomando espaço da imprensa. Ledo engano. Considero que isso é um fenômeno efêmero que começou com a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, e que inspirou a eleição do ultradireitista Jair Bolsonaro no Brasil.
Concordo que Bolsonaro foi eleito pelas redes sociais usando, sobreduto, Fake News. Mas acho também que houve erro de comunicação na campanha do petista Fernando Haddad, que se preocupou mais em responder as mentiras plantadas pelo bolsonarismo, como o Kit Gay, por exemplo, que de vasculhar os bastidores da trama para eleger Bolsonaro. - Lembro que o encontro do então juiz federal, Sérgio Moro, que estava a frente da Lava Jato, para acertar a sua nomeação para ministro da Justiça, na residência do então candidato Jair Bolsonaro, pouco foi explorado pela campanha petista. Da mesma forma o vazamento da delação de Antônio Palloci à Polícia Federal, poucos dias antes de ocorrer o segundo turno da eleição presidencial.
- Se estes dois fatos tivessem sido explorados ao invés de estarem preocupados com Fake News, certamente o resultado das eleições poderia ser outro. Assim como o caso Coaf, envolvendo o filho do presidente Jair Bolsonaro, na época em que era deputado estadual (RJ), hoje senador eleito da República, Flávio Bolsonaro.
- Por que esse assunto só vazou após a eleição? Faltou competência da comunicação do PT que não foi a fundo pra saber o que está no relatório e o que dizem envolvidos e autoridades após divulgação do documento que apontou operações bancárias suspeitas de servidores e ex-servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, na famosa Operação Furna da Onça? E o caso Marielle? Por que a comunicação do PT não foi a fundo, certamente se chegaria ao suposto envolvimento das milícias com Flávio Bolsonaro.
- Estou falando isso porque no Brasil, parte de assessores de imprensa compraram esta ideia de que responder Fake News, parece, se tornou mais importante do que os fatos. E muitas pessoas hoje dão mais crédito a Fake News do que uma notícia de jornal.
- Não, não Srs leitores. Não se enganem, na medida em que as pessoas perceberem que estão sendo usadas e ludibriadas, as redes sociais com suas Fake News tendem a arrefecer.
Vou dar mais um exemplo recente de que não se deve acreditar muito nas redes sociais. A poucos dias, bombeiros que atuam a procura de corpos em Brumadinho, foram enganados por pessoas sem escrúpulo a procurarem supostas pessoas que estariam nas matas como forma de se protegerem do tsunami de lamaçal. Mentira! Um desserviço ao Corpo de Bombeiros de MG que desviou homens para vasculhar a mata em vão, quando poderiam está ajudando a outros militares a procurar corpos no local do acidente. - Repito o que disse no título deste texto: Enquanto as livrarias fecham as Fake News se proliferam no Brasil
- Leiam, caros leitores, leiam mais jornais e livros. Não deixemos que as mentiras tomem conta da nossa consciência e que os livros estejam fadados a peças de museus.
- A conferir!
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