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Coletânea de Causos

Que causos são esses, Barbosa?

Incentivado por amigos resolvi escrever também causos particulares vivenciados ao longo dos anos. Alguns relatos são hilários, e dignos de levar ao programa Que História é Essa, Porchat. Seguem os causos em forma de coletânea.

Artigo

Por que os golpistas se revoltam com Democracia em Vertigem?

por Leonardo Attuch, no site Brasil 247

Pela primeira vez em sua história, o Brasil tem a chance real de vencer um Oscar, o maior prêmio do cinema internacional. Se estivéssemos vivendo uma situação de normalidade democrática, a indicação do documentário “Democracia em Vertigem”, da cineasta Petra Costa, seria comemorada por toda a sociedade. As reações a esse acontecimento, no entanto, confirmam a tese do documentário: a democracia entrou em vertigem no Brasil e foi solapada com o impeachment sem crime de responsabilidade contra a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016 – ou seja, com o golpe de estado.

De um lado o secretário de Cultura, Roberto Alvim, que conseguiu seus 15 minutos de fama ao insultar Fernanda Montenegro, maior atriz do teatro brasileiro, enquadrou o filme como ‘ficção’. Em nota oficial, os tucanos, que organizaram o golpe de estado porque não aceitaram a quarta derrota eleitoral, com Dilma, e a perspectiva de uma quinta, com Lula, expressaram sua dor de cotovelo. A deputada Janaina Paschoal (PSL-SP) disse que não viu e não comentaria, mesmo caminho escolhido pelo usurpador Michel Temer – que entrará para a História por redimir a biografia de Joaquim Silvério dos Reis, aquele que traiu Tiradentes. Daqui a 50 ou 100 anos, quando buscarem um sinônimo para a palavra traidor, ninguém mais dirá que tal sujeito é um “Silvério”. Dir-se-á: “por aquela rua ali caminha um Temer”.

Pois bem: de maneira contida, Petra celebrou a indicação de seu filme ao Oscar e disse que ele chamou a atenção da academia porque a democracia está em vertigem em todo o mundo, sob pressão da extrema-direita. De fato, o tema mais estudado pela ciência política nos dias atuais é a corrosão das democracias ocidentais, o que está presente em livros como “Fascismo”, de Madeleine Albright, e “Como as democracias morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. O mundo deve assistir atentamente ao documentário de Petra justamente para não se tornar um novo Brasil – de todos os laboratórios globais do neofascismo, o mais escatológico.

Assim como os protagonistas do golpe de estado de 2016, os jornalistas que lhes deram cobertura também se revoltaram com indicação do filme. O motivo é simples: todos eles foram cúmplices de uma das maiores farsas políticas da história da humanidade, que permitiu a ascensão de um governo neofascista no Brasil. Não podem dizer que eram contra a corrupção, porque jamais combateram governos muito mais corruptos que vieram depois – os de Temer e companhia e o da rachadinha. Não podem mais sustentar a farsa de que as “pedaladas” quebraram o País, porque os rombos fiscais hoje são muito maiores e a economia ainda anda de lado, quatro anos depois do golpe de estado. Perderam a narrativa, perderam o discurso, mas tentam ganhar no grito. Mas a verdade, como diz a ex-presidente Dilma Rousseff, não pode ser enterrada e a história será implacável com os golpistas.

A verdade é paciente e tem o tempo como seu maior aliado.

* Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste

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