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por Joaquim de Carvalho, no Brasil 247
A interinidade de Elizeta Maria de Paiva Ramos como procuradora-geral da República já causa tantos estragos no Ministério Público Federal que o próximo titular do órgão, seja ele quem for, assumirá com um grande ônus: terá de reverter nomeações, o que não é tão simples, para retomar o caminho que Augusto Aras vinha trilhando, ainda que timidamente.
Na última sexta-feira, Elizeta trocou o coordenador da 5a. Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF). Ela dispensou o subprocurador-geral Ronaldo Meira de Vasconcellos Albo, conhecido pelo perfil garantista, e designou para o posto o subprocurador-geral Alexandre Camanho de Assis, ligado à Lava Jato e envolvido em um episódio nebuloso com Rodrigo Rocha Loures, o “homem da mala” de Michel Temer.
Antes disso, Elizeta já tinha trocado o representante do Ministério Público Federal no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde a juíza Gabriela Hardt, o ex-juiz Sergio Moro e os desembargadores João Pedro Gebran Neto, Marcelo Malucelli e Loraci Flores de Lima, do TRF-4, estão sendo investigados por irregularidades graves na Lava Jato.
Nesta segunda-feira, a coluna Radar, de Veja, noticia o clima tenso na Procuradoria-Geral da República, depois das mudanças na 5a. Câmara, onde tramitam os acordos de leniência, como o da Odebrecht e o da J&F.
“A crise interna na PGR é tão grande que a atual gestão tem impedido servidores de acessarem salas em que trabalhavam antes de serem destituídos dos cargos. É o caso de um auxiliar de Albo, que foi proibido de buscar objetos pessoais no gabinete nesta segunda”, diz a nota publicada na coluna Radar.
A proibição de acesso teria sido retaliação de Elizeta, por conta das atitudes de Albo no sentido de revisar medidas abusivas adotadas pela ala da Lava-Jato na Procuradoria. Albo foi afastado contra a vontade dele próprio, graças a uma manobra de Elizeta, que nomeou novos integrantes para a 5a. Câmara.
Como os membros da 5a. Câmara têm mandato de dois anos, o próximo PGR terá pouco espaço para rever a decisão de Elizeta, o que significa crise à vista.
A manobra de Elizeta só foi possível em razão da demora do governo Lula de nomear o próximo procurador-geral da República. O mandato de Aras terminou dia 26 de setembro – há treze dias, portanto.
Quem assessora Lula nas questões relativas ao sistema de justiça é a pasta comandada por Flávio Dino. Lula teria optado por decidir a indicação do próximo PGR juntamente com a escolha de um nome para substituir Rosa Weber, no STF, que se aposentou no último dia 30.
Flávio Dino é um dos cotados para assumir a vaga de Rosa Weber. A demora de Lula de escolher o sucessor de Aras também é atribuída ao fato de que ele não teria gostado de nenhum dos nomes apresentados a ele.
Houve um movimento para que Augusto Aras permanecesse na PGR, que contava com o apoio do ministro Dias Toffoli, do STF. Mas, em razão de Aras de sido nomeado e reconduzido na PGR por Jair Bolsonaro, esse movimento não teve êxito. A demora do governo Lula em indicar o sucessor de Aras já produziu estragos institucionais.
Se demorar mais, será pior. Elizeta já mostrou a que grupo serve na PGR. Ela é lavajatista até a medula.
*Joaquim de Carvalho é colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa)
Foto reproduzida da Internet
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