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Em pronunciamento contundente durante o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF), realizado na sexta-feira (20), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que o modelo de dominação global liderado pelo Ocidente está superado e destacou o papel do BRICS+ como pilar da nova ordem multipolar. As declarações foram repercutidas pela agência Sputnik International, que também ouviu especialistas sobre os desdobramentos políticos, econômicos e militares dessas mudanças.
“O modelo de desenvolvimento pautado pelo neocolonialismo do ‘bilhão dourado’ precisa ser superado”, afirmou Putin, em referência aos países ricos que impuseram uma arquitetura global desigual desde o fim da Guerra Fria. Para o analista geopolítico Paolo Raffone, com base em Bruxelas, o discurso de Putin reflete um “realismo geopolítico condensado em sua essência”, que convoca os países a “repensarem suas políticas econômicas e de segurança nacional e internacional”.
Raffone lembrou que o mundo já vive uma nova distribuição de poder desde a crise financeira dos Estados Unidos em 2008. “Hoje, os países emergentes já se colocam em pé de igualdade ou até superam o Ocidente, seja individualmente — como a China —, seja coletivamente — como o BRICS+”, afirmou. O analista também mencionou a recente declaração do ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, segundo a qual a União Europeia e a OTAN perderam relevância e tornaram-se dependentes da China, sem conseguirem estabelecer laços estratégicos com o Sul Global.
Economia russa surpreende e desafia previsões do Ocidente
Putin destacou ainda o desempenho econômico da Rússia, que se consolidou como a quarta maior economia do mundo e a primeira da Europa, contrariando as expectativas do Ocidente. A professora aposentada da Universidade Jawaharlal Nehru e especialista em Rússia, Anuradha Chenoy, declarou à Sputnik que os líderes ocidentais tornaram-se “vítimas do seu próprio paradigma engessado”.
“O Ocidente tratou a Rússia como um posto de gasolina glorificado, sem capacidade de desenvolvimento, e aplicou um regime severo de sanções unilaterais em 2022, esperando o colapso da economia e da moeda russa. O que ocorreu foi exatamente o oposto”, afirmou Chenoy. Segundo ela, o Estado, os bancos e a indústria russos utilizaram os recursos do petróleo para fomentar a produção interna e gerar crescimento.
A especialista ressaltou que a tentativa de isolamento fracassou: “A Rússia voltou-se para a China, os países do BRICS e o Sul Global como parceiros de longo prazo. O Ocidente, com suas políticas de comércio injusto, ameaças e uso da força, acabou se isolando”, completou. “Fico chocada com a grande falta de conhecimento coletivo e informação por parte do Ocidente e de suas instituições.”
Potencial militar e mercados do Sul Global
O futuro das exportações de defesa da Rússia também foi pauta do discurso de Putin. Para o analista militar e ex-oficial das Forças Armadas da Suécia, Mikael Valtersson, o país tende a se restabelecer como um dos principais exportadores de armamentos do mundo. “A rápida adaptação da Rússia às necessidades do campo de batalha e o retorno firme na Ucrânia puseram fim aos sonhos ocidentais de eliminar o país como concorrente no mercado de defesa”, disse.
Valtersson citou como diferencial a experiência real dos armamentos russos, especialmente em tecnologias de mísseis, drones e guerra eletrônica, além da alta capacidade de produção rápida — algo que os países ocidentais, segundo ele, não possuem. Outro atrativo é a liberdade de uso dada aos compradores, sem bloqueios eletrônicos ou restrições.
A perspectiva é de fortalecimento da presença russa no Sul Global, ameaçando a fatia ocidental — especialmente a europeia — no mercado de armas. “A Europa talvez tenha que se concentrar mais nas vendas internas, e os EUA precisarão flexibilizar restrições e exigências políticas”, observou o especialista, destacando que muitos países já demonstram hesitação em confiar nos Estados Unidos como parceiros estratégicos, mesmo com o presidente Donald Trump em seu segundo mandato.
Valtersson concluiu com um dado simbólico: enquanto o BRICS representava apenas 12% do PIB global em 2000, hoje já ultrapassa os 40%. “O poder econômico se traduz em poder político. E esse é o novo mundo que está emergindo.”
Foto reproduzida da Internet
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