Editorial, O Baú de um Repórter, Política

O baú de um repórter

Volto a escrever minhas memórias como repórter hoje lembrando um fato que ocorreu há pouco mais de 20 anos, na Câmara Municipal de Natal. Já tive oportunidade de falar no assunto neste espaço, mas vou relembrar sobre a forma dos bastidores da notícia.

O Escândalo das Atas

O Legislativo municipal natalense já se viu envolvido em outro mau exemplo que ficou conhecido como “escândalo das atas” e, como ocorreu no caso da revisão do Plano Diretor de Natal teve como protagonista o então presidente da Casa, vereador Sid Fonseca, o mesmo edil que denunciou à promotora do município, Marise Costa, a existência de um esquema de pagamento de propinas a colegas vereadores, denúncia essa que foi parar no MP (Ministério Público Estadual) e que levou o nome de Operação Impacto.

Na época era repórter de política do Diário de Natal e cobria a Câmara. Nessa sessão só estava eu de jornalista. Não tinha nenhum assunto interessante. As informações de bastidores, essas então, nenhuma. Mas tinha que levar alguma coisa pra redação. Sentei no lugar reservado à imprensa e esperei a sessão começar. Marcílio Carrilho era o líder do então PFL e estava inscrito para falar. Salvo engano era o segundo orador. O primeiro edil a subir à tribuna não falou nada de substancial que pudesse render uma matéria. Fiquei aguardando então Carrilho falar. Ele não adiantou o assunto.

Carrilho ao pegar o microfone na tribuna foi logo dizendo que tinha uma denúncia grave a fazer. Disse que o governador Geraldo Melo [então no PMDB] estava comprando deputados da oposição na Assembléia Legislativa para aprovar um projeto de interesse do governo. Anotei tudo e nem esperei a sessaão acabar. Quando Carrilho terminou o pronunciamento corri pra redação. Tinha em mãos uma bomba, e com exclusividade, pois como já disse de repórter só eu estava na hora.

No dia seguinte ao pronunciamento o Diário deu destaque ao assunto. O governador então solicitou que o vereador Wober Júnior, líder da bancada do PMDB na CMN – hoje Wober é deputado e presidente estadual do PPS -, pedisse a cópia da ata da sessão para poder processar Marcílio Carrilho. A cópia foi solicitada, mas Sid Fonseca atendendo a um pedido do colega vereador Marcílio Carrilho mandou alterar o documento. Wober solicitou então a gravação da sessão. Na Justiça foram apresentadas duas atas: a verdadeira contendo as acusações do vereador contra o governador, e a falsa que foi alterada por determinação do presidente da Câmara.

Por discordar da atitude de Sid Fonseca, o procurador da CMN, advogado Paulo Lopo Saraiva, pediu exoneração do cargo aumentando ainda mais a crise. O escândalo tomou conta da mídia durante um bom tempo. A partir desse momento a editoria de Política do Diário colocou dois repórteres na cobertura do caso. Eu e o colega e amigo Flávio Marinho. Não faltavam assuntos. Nossas fontes nos abasteciam e o escândalo levou a que Sid Fonseca não se reelegesse mais.

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