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A entrevista concedida por Jair Bolsonaro (PL) ao jornal Folha de S.Paulo gerou forte reação neste sábado (29). Réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento na tentativa de golpe de Estado após a derrota eleitoral de 2022, o ex-presidente admitiu que discutiu com aliados e militares alternativas autoritárias para não entregar o poder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente nacional do PT e ministra da Articulação Política, Gleisi Hoffmann, criticou duramente a fala de Bolsonaro, classificando a entrevista como uma “confissão de culpa”.
“Na estranha entrevista do réu Jair Bolsonaro à Folha, o que ressalta é a confissão de que ele nunca aceitou o resultado das eleições. É espantoso admitir que tentou sim impor estado de sítio, estado de defesa, aplicação indevida do artigo 142, intervenção militar e outras ‘alternativas’ para não entregar o poder ao presidente eleito. E é ainda mais absurdo que fale de fatos tão graves, agora que é réu, como quem conta uma história da carochinha. A entrevista, que não tem autores identificados pelo jornal, é uma confissão de culpa que deveria ser tomada como agravante em seu julgamento”, escreveu Gleisi em sua conta no X (antigo Twitter).
Gleisi Hoffmann@gleisiNa estranha entrevista do réu Jair Bolsonaro à Folha, o que ressalta é a confissão de que ele nunca aceitou o resultado das eleições. É espantoso admitir que tentou sim impor estado de sítio, estado de defesa, aplicação indevida do artigo 142, intervenção militar e outras “alternativas” para não entregar o poder ao presidente eleito. E é ainda mais absurdo que fale de fatos tão graves, agora que é réu, como quem conta uma história da carochinha. A entrevista é uma confissão de culpa que deveria ser tomada como agravante em seu julgamento.Última edição7:31 PM · 29 de mar de 2025·1.054 Visualizações
Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que uma eventual prisão representaria o “fim de sua vida”. “É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”, declarou, ao comentar os processos que responde no STF, cujas penas, somadas, podem ultrapassar 40 anos de prisão.
Golpe cogitado e manobras constitucionais
Ao relatar os bastidores do período pós-eleitoral, Bolsonaro reconheceu que discutiu o uso de dispositivos constitucionais como estado de sítio, estado de defesa, intervenção federal e o polêmico artigo 142, frequentemente usado por bolsonaristas para justificar o envolvimento das Forças Armadas na política.
“Conversei com as pessoas, dentro das quatro linhas, o que a gente pode fazer?”, disse Bolsonaro. Segundo ele, essas opções foram “descartadas logo de cara”. No entanto, o próprio ex-presidente parece contradizer essa versão ao detalhar os contatos com militares e a análise sobre um possível golpe. “Golpe não tem Constituição. Um golpe, a história nos mostra, você não resolve em meses. E, para você dar um golpe, ao arrepio das leis, tem que ver imprensa, empresários, Parlamento, fora do Brasil. Então foi descartado.”
A declaração reforça, na avaliação de especialistas e membros do governo, a tese de que Bolsonaro articulou, sim, um movimento golpista, mas não conseguiu apoio suficiente para levá-lo adiante.
Interpretação distorcida do artigo 142
Na entrevista, Bolsonaro voltou a insistir na tese de que o artigo 142 da Constituição daria às Forças Armadas o papel de poder moderador em disputas institucionais — interpretação já rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal. A insistência nessa leitura tem sido utilizada para justificar atos antidemocráticos e encobrir tentativas de ruptura institucional.Caso do cartão de vacinação e delação de Mauro Cid
Bolsonaro também abordou a delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, que o acusou de ter ordenado a falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19. O ex-presidente negou a acusação. “Eu jamais faria um pedido desse para alguém, me desmoralizaria politicamente, porque sempre fui contra a vacina”, afirmou.
O ex-mandatário celebrou o pedido de arquivamento do caso feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), sob a gestão de Paulo Gonet. “O procurador Paulo Gonet chegou à conclusão que não tinha indícios mínimos de eu ter mandado falsificar o cartão.”
Ele acrescentou que o arquivamento deveria influenciar outros processos, como o das joias sauditas: “Mais que uma sinalização, uma luz vermelha contra o processo”, disse.
Reações e contexto
A entrevista concedida por Bolsonaro foi publicada sem a assinatura dos repórteres responsáveis, o que também chamou atenção de figuras públicas e especialistas em comunicação política. Para Gleisi Hoffmann, a ausência de autoria contribui para a estranheza do conteúdo, reforçando a sensação de que o ex-presidente tenta controlar a narrativa em meio à crescente pressão judicial.
Réu em ações penais que investigam a tentativa de subversão democrática, Bolsonaro tenta, com declarações como essas, posicionar-se como vítima e não como protagonista da conspiração. No entanto, ao reconhecer que discutiu alternativas autoritárias para se manter no poder, ele se coloca ainda mais no centro do enredo golpista — como apontou a presidente do PT.
“A entrevista é uma confissão. E como tal, deve pesar no julgamento de quem tentou destruir a democracia brasileira”, concluiu Gleisi.
Foto reproduzida da Internet
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