blogdobarbosa

por Moisés Mendes, no Brasil 247

É incompleta a reportagem da Folha sobre a avalanche de processos que Bolsonaro vai enfrentar quando deixar o governo. Falta na lista do jornal, por exemplo, um dos processos mais definidores da índole do sujeito. É o que está parado no Supremo sobre o incentivo de Bolsonaro ao estupro. Se ele escapar desse caso, a Justiça abrirá a porta para outros incentivadores de violência contra mulheres.

Faltam na reportagem os crimes contra os povos indígenas. Faltam as crueldades cometidas contra negros e gays e que podem ser enquadradas como crimes. Bolsonaro é o líder de crimes de racismo e de homofobia cometidos como políticas de governo. A Folha não cita nada nessa área, que enfrenta as situações mais graves.

E a Folha erra feio ao focar só em Bolsonaro a questão da reversão do comportamento do Judiciário, quando o bolsonarismo acabar como estrutura de poder. Todo o entorno do sujeito, sem respaldo do governo, estará exposto à mobilização do Ministério Público e da Justiça. Crimes engavetados saltarão das gavetas. Porque muita gente ficará valente com o fim do bolsonarismo. E aí teremos um Deus nos acuda para todos os lados.

* Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero Hora, de Porto Alegre

Foto reproduzida da Internet