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Artigo

A via Tarcísio para o fascismo

por Jeferson Miola, no Brasil 247

O avanço do julgamento do Bolsonaro na Ação Penal da trama golpista antecipa a definição do posicionamento da extrema-direita para a eleição de 2026. Ele deverá ser condenado por unanimidade no STF e encaminhado à prisão antes do final deste ano.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e capitão do Exército, tem tudo para ser ungido como candidato bolsonarista à Presidência liderando o bloco da direita e extrema-direita fascista.

Na entrevista de Flávio Bolsonaro à Folha de São Paulo [14/6], foi a primeira vez que um integrante do clã admitiu que Bolsonaro não poderá ser candidato em 2026.

Flávio considerou que uma dobradinha Michelle-Tarcísio ou Tarcísio-Michelle “é uma chapa imbatível”.

O primogênito deixou claro que a família deverá “apoiar alguém que banque a anistia ou o indulto”. Flávio disse ainda que, uma vez na Presidência, o apoiado por Bolsonaro deve até mesmo usar a “força” para fazer o STF engolir o indulto. Leia-se por força, evidentemente, a Força Armada.

“Certamente o candidato que o presidente Bolsonaro vai apoiar vai ter que ter esse compromisso, sim”, disse.

De olho na bênção do Bolsonaro, os governadores Ronaldo Caiado e Romeu Zema já se apressaram em anunciar que, eleitos, decretariam o indulto do Bolsonaro e comparsas da organização criminosa armada que tentou o golpe de Estado.

Tarcísio ainda não se manifestou publicamente, mas seus aliados entendem que indultar Bolsonaro “não seria constrangimento” para ele.

No comício da Paulista em 16 de março, Tarcísio discursou que “a gente está aqui para pedir, lutar e mostrar que todos estamos juntos para exigir anistia daqueles inocentes que receberam penas desarrazoadas”. E desafiou: “Quero ver quem vai ter coragem de se opor” à anistia dos criminosos.

Tarcísio é o único pré-candidato que foi indicado por Bolsonaro como testemunha de defesa. No depoimento, repetiu a miragem de que não houve tentativa de golpe.

Bolsonaro tem consciência de que a inelegibilidade é irreversível e que sua prisão é iminente. Mesmo assim, no entanto, continua bravateando que será candidato para não perder influência no xadrez político-eleitoral do bloco da direita e ultradireita.

Bolsonaro sabe, também, que uma chapa puro-sangue do extremismo não vingaria. E que uma chapa encabeçada por alguém com o sobrenome Bolsonaro, como Michelle, Eduardo e Flávio teria potencial eleitoral mais estreito.

Por outro lado, nenhuma candidatura de direita teria competitividade eleitoral sozinha, sem a mística, a militância e o apoio bolsonarista e, ainda, sem a adesão clara do Bolsonaro.

A chapa dos sonhos do clã seria Tarcísio com Michele de vice. Mas essa hipótese pode esbarrar na pretensão de partidos satélites do bolsonarismo.

O PSD do Kassab, por exemplo, que já atou seu destino ao de Tarcísio, poderá disputar a indicação de Eduardo Leite ou Ratinho Júnior para o posto de vice, emprestando um falso verniz democrático-civilizado à chapa bolsonarista.

Tarcísio já não tem o poder para desistir da candidatura presidencial, pois ele representa a aposta anti-Lula mais competitiva das oligarquias parasitárias que pouco se importam por afundarem o país mais fundo no abismo fascista enquanto se locupletam aprofundando o roubo do orçamento da União e dos fundos públicos.

O rentismo, o poder econômico, o agronegócio, a mídia hegemônica, o fundamentalismo religioso e todo o campo reacionário-conservador aumentaram fortemente a pressão pela candidatura dele.

O capitão do Exército Tarcísio de Freitas é a via renovada para o fascismo. Ele representa um experimento mais articulado e melhor estruturado que aquele horroroso do período fascista-militar com Bolsonaro.

Com seu modelo de polícias assassinas, escolas cívico-militares, privilégios fiscais e tributários, privatizações, desmonte do SUS e políticas clientelísticas, o governo de São Paulo é um laboratório incubador para o avanço desse projeto tem âmbito nacional.

No plano internacional, Tarcísio se alinha ideologicamente à Internacional Fascista: justifica o holocausto palestino promovido pelo regime nazi-sionista de Israel, e apóia todas políticas desastrosas de Donald Trump.

O indulto para recompensar Bolsonaro pelos crimes contra o Estado de Direito beneficiaria, também, os camaradas de farda de Tarcísio, os notórios conspiradores das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas.

*Jeferson Miola é articulista do portal Brasil 247

Foto reproduzida da Internet

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