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Economia

Agressão de Israel contra o Irã pressiona preços do petróleo e acende temor generalizado sobre abastecimento energético

Está no Brasil 247

A intensificação da guerra de Israel contra o Irã, com ataques mútuos a instalações energéticas estratégicas, provocou um novo choque nos mercados internacionais de petróleo. Segundo informações do The New York Times, os preços do barril de petróleo dispararam, e especialistas alertam para possíveis desdobramentos graves caso a tensão afete o trânsito pelo Estreito de Ormuz, rota crucial para o abastecimento global de energia.

Nos últimos dias, Israel bombardeou um importante depósito de combustível e uma refinaria nos arredores de Teerã, ao passo que o Irã respondeu atacando instalações na cidade de Haifa, além de ameaçar diretamente campos de gás no território israelense. O Irã acusa Tel Aviv de ter alvejado áreas sensíveis da zona energética de South Pars, uma das maiores do mundo. Embora não tenha havido paralisações totais, o temor é que novos ataques interrompam cadeias de produção e transporte.

Os reflexos no mercado foram imediatos: o preço do barril de Brent saltou mais de 8% e foi negociado a cerca de 75 dólares, enquanto o WTI chegou a 74,60 dólares (West Texas Intermediate, é um tipo de petróleo bruto que serve como referência para o mercado norte-americano e é negociado na Bolsa de Nova York. A possibilidade de novos bloqueios levou os investidores a buscar ativos de segurança, como ouro e dólar, ao mesmo tempo em que bolsas de valores em diversas regiões sofreram quedas significativas.

A principal preocupação geopolítica gira em torno do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% de todo o petróleo e gás liquefeito transportados globalmente. Membros do Parlamento iraniano sinalizaram que o bloqueio da rota estratégica está “sob consideração”. Caso isso ocorra, os analistas preveem que os preços do petróleo poderão ultrapassar facilmente os 100 dólares por barril, provocando uma nova onda inflacionária global.

O banco JPMorgan estima que um choque mais profundo pode elevar a inflação dos Estados Unidos em até 1,7 ponto percentual. Isso dificultaria os planos do Federal Reserve de cortar as taxas de juros ainda neste ano e pressionaria também outras economias, como a europeia e a britânica. O Reino Unido já advertiu que os impactos inflacionários do conflito podem afetar decisões fiscais e monetárias internas.

Embora a Arábia Saudita tenha ampliado sua produção nos últimos meses como forma de conter os preços, analistas acreditam que a margem de manobra é limitada, especialmente se a situação escalar para um conflito regional duradouro. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+) ainda não se pronunciou oficialmente sobre um possível reajuste da oferta para conter a volatilidade do mercado.

Na frente doméstica, o Irã enfrenta filas em postos de gasolina, agravadas pela destruição parcial de refinarias já operando no limite. A escassez de derivados ameaça atingir a economia civil iraniana, duramente afetada por sanções internacionais e problemas internos de logística e infraestrutura.

A Índia, por sua vez, tenta conter os efeitos da alta internacional mantendo os preços internos estáveis, apoiando-se em estoques estratégicos e em margens de lucro previamente acumuladas pelos seus grandes refinadores estatais. Mesmo assim, o impacto tende a ser sentido nas próximas semanas, principalmente nos setores de transporte e alimentos.

A nova escalada entre Irã e Israel insere-se num contexto regional já marcado por instabilidade crônica. Além do risco de alastramento do conflito para outros países vizinhos, o episódio reacende o debate sobre a segurança das infraestruturas energéticas globais em tempos de guerra e tensões geopolíticas.

Com os mercados em alerta e líderes mundiais apelando à moderação, a continuidade da guerra poderá inaugurar uma fase ainda mais imprevisível para a economia mundial. Caso o Estreito de Ormuz seja efetivamente fechado ou a infraestrutura energética do Golfo Pérsico sofra danos permanentes, o planeta poderá assistir a uma nova crise do petróleo — com impactos tão ou mais profundos do que os das últimas décadas.

Foto reproduzida da Internet


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