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Está no Brasil 247
Em entrevista à revista americana The New Yorker, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, fez duras críticas às plataformas de redes sociais e, em especial, à atuação do bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) e da Starlink. Para Moraes, a estrutura das big techs representa hoje uma ameaça real à democracia, à soberania dos Estados e ao controle das informações por parte dos governos democraticamente eleitos.
A declaração mais contundente veio ao comparar o alcance da propaganda digital atual ao sistema montado pelos nazistas na década de 1930. “Se Goebbels fosse vivo e tivesse acesso ao X, estaríamos perdidos. Os nazistas teriam conquistado o mundo”, afirmou Moraes, fazendo referência direta a Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Adolf Hitler.
A fala é mais do que um recurso retórico: ela funciona como alerta. Para o ministro, as plataformas digitais, ao se colocarem acima das jurisdições nacionais, alimentam movimentos autoritários e usam algoritmos inicialmente pensados para o consumo como ferramentas de manipulação política em escala global.
Do consumo à política: o algoritmo como arma
Moraes explicou à New Yorker que as redes sociais se transformaram radicalmente desde a Primavera Árabe, início da década passada. “A extrema-direita sobreviveu quando percebeu que poderia mobilizar as pessoas sem intermediários”, destacou o ministro. A crítica aponta para a forma como algoritmos e sistemas de impulsionamento passaram a ser usados para disseminar discursos de ódio, desinformação e teorias da conspiração, contornando os mecanismos tradicionais de checagem de fatos e regulação.
Segundo ele, as plataformas não apenas exercem influência social, mas também concentram poder econômico e capacidade de moldar cenários eleitorais: “Elas não apenas influenciam as pessoas, mas também geram a maior parte de receita publicitária do mundo, o que lhes confere poder financeiro para influenciar eleições. Querem criar uma nova Companhia das Índias Orientais e controlar o mundo.”
Moraes, Musk e o embate jurídico
O clima entre Alexandre de Moraes e Elon Musk se acirrou nos últimos meses após o ministro determinar o bloqueio do X no Brasil, sob a justificativa de que a rede vinha descumprindo ordens judiciais e desrespeitando a legislação nacional. Musk reagiu publicamente, criticando o STF e defendendo uma suposta “liberdade de expressão absoluta”, mesmo diante de postagens com incitação à violência e disseminação de fake news.
Populismo autoritário e a ameaça global
Moraes também aproveitou a entrevista para traçar o perfil da nova extrema-direita global, que, segundo ele, pratica um tipo de populismo “altamente inteligente e estruturado”. Esse populismo não confronta abertamente o sistema democrático, mas procura deslegitimá-lo ao alegar que as instituições estão corrompidas.
“É uma tentativa de angariar apoio público contra as próprias instituições”, argumenta Moraes, alertando que nem o Brasil nem os Estados Unidos aprenderam, até agora, como responder de forma eficaz a essa estratégia.
Bolsonaro inelegível, mas o bolsonarismo sobrevive
O ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe e já condenado em duas ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi outro tema abordado. Moraes disse não ver “a menor possibilidade” de reversão das condenações que o tornaram inelegível até 2030. No entanto, ele não descarta que aliados próximos do ex-presidente, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou os filhos do casal, possam tentar se candidatar à Presidência em 2026.
Para Moraes, o diferencial de Bolsonaro era a conexão direta com as Forças Armadas — algo que seus familiares não possuem. Ainda assim, o ministro alerta para a persistência do movimento bolsonarista, que continua influente nas redes e com grande base social.
Imagem reproduzida da Internet
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