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A recente mudança de postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no cenário político brasileiro, tem gerado especulações e movimentações entre a direita. O político passou a adotar uma posição mais contundente, criticando abertamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e defendendo medidas como o indulto e a anistia para Jair Bolsonaro (PL). Essa guinada estratégica, que inclui uma aproximação com a ala mais radical da direita, tem sido vista com apreensão por setores da direita moderada e empresários, mas, segundo aliados de Tarcísio, faz parte de um cálculo político, relata Malu Gaspar, do jornal O Globo.

Em uma entrevista ao Diário do Grande ABC na última sexta-feira (29), Tarcísio declarou que, se eleito presidente, concederia um indulto a Bolsonaro como seu primeiro ato, argumentando que o processo contra o ex-presidente é “desarrazoado”. Ele também se mostrou cético em relação à imparcialidade da Justiça, destacando que “não acredita em elementos para ele ser condenado”, mas, ao mesmo tempo, revelou uma desconfiança generalizada no atual sistema judicial: “Infelizmente, hoje eu não posso falar que confio na Justiça, por tudo que a gente tem visto”, afirmou.

Esse movimento de apoio a Bolsonaro e sua defesa da anistia aos presos do 8 de janeiro, proposta que também poderia beneficiar o ex-presidente, visam neutralizar as críticas que surgiram de setores da direita, especialmente após ataques do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Esse ataque nas redes sociais visou a imagem de Tarcísio, acusando-o de tentar se viabilizar politicamente sem o respaldo de Bolsonaro. Aliados do governador explicam que, diante dessa pressão, Tarcísio decidiu adotar uma postura mais agressiva para garantir seu apoio dentro do campo bolsonarista. “O discurso do Eduardo de que o Tarcísio está tentando se viabilizar como candidato sem o pai cresceu na bolha, e isso pode prejudicar as chances dele em 2026”, relatou um interlocutor próximo ao governador.

O próprio Tarcísio tem plena consciência de que sua candidatura presidencial depende, em grande parte, da disposição de Bolsonaro de apoiá-lo. Para ter uma chance real na corrida presidencial, ele precisa manter o ex-presidente ao seu lado, especialmente no momento crucial da definição de seu futuro político, seja para reeleição em São Paulo ou uma candidatura ao Planalto. Sem o apoio de Bolsonaro, uma candidatura presidencial se tornaria inviável. “Além disso, os trackings mostram que a maior parte das pessoas não está achando bonito esse julgamento”, acrescenta um aliado. Assim, a aliança com a base bolsonarista e o distanciamento temporário dos setores mais moderados da direita parecem ser uma escolha estratégica para Tarcísio.

A estratégia de Tarcísio, segundo seus aliados, é garantir, agora, o apoio das forças mais radicais enquanto ainda tem tempo para reconquistar a confiança do centro e da direita moderada no futuro. “Quanto mais longe a eleição, mais espaço você tem para corrigir o rumo”, afirmou outro estrategista próximo ao governador. No entanto, ainda não é possível prever se esse movimento de aproximação com a ala mais radical da direita será duradouro, embora, por ora, tenha surtido efeito, visto que as críticas de Eduardo Bolsonaro pararam.

Nos bastidores, tanto Tarcísio quanto seus aliados estão satisfeitos com os primeiros resultados da mudança de rumo do governador. O tempo dirá se essa tentativa de pacificação política será bem-sucedida e se ele conseguirá manter uma aliança equilibrada entre as diversas facções da direita, crucial para seu futuro político.

Foto: ND Mais