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Política

Brasil assume presidência do Mercosul nesta semana com viagem de Lula à Argentina

Está no Brasil 247

O presidente Lula desembarca na capital argentina na quinta-feira (3) para a 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, ocasião em que o Brasil receberá da Argentina a presidência pro tempore do bloco até o primeiro semestre de 2026. As informações são da Agência Gov, órgão de comunicação oficial do governo federal, em nota publicada nesta segunda-feira (30).

Na véspera da viagem, a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisela Padovan, sublinhou que o Mercosul “ocupa papel estratégico na política externa brasileira”. “Não preciso ressaltar a importância que o Brasil atribuiu ao Mercosul no nosso objetivo maior de promover a integração regional, que é um objetivo constitucional, histórico e atual do presidente Lula e da diplomacia brasileira”, afirmou a diplomata em conversa com jornalistas.Play Video

Acordo com a União Europeia é prioridade

Entre os primeiros desafios da presidência brasileira está concluir o Acordo de Associação Mercosul-União Europeia, pendente há mais de duas décadas. “Temos a expectativa de assinar mesmo o acordo com a União Europeia, que está finalizado, passando por traduções para 27 línguas, e tem de passar pelas instâncias europeias. Vocês todos acompanharam o esforço do presidente Lula, junto ao presidente Emmanuel Macron, recentemente, e ele sempre está trabalhando para que esse acordo importantíssimo seja finalmente concluído”, declarou Padovan.

A diplomata lembrou que a força negociadora conjunta “fortalece a posição e amplia o protagonismo do bloco em negociações internacionais”. Segundo ela, “sozinhos, negociações com grandes blocos seriam mais fragilizadas. Juntos somos mais fortes para nos colocarmos globalmente”.


Tarifa Externa Comum e “Mercosul Verde”

O governo brasileiro pretende destravar temas internos que há anos aguardam consenso, como a atualização da Tarifa Externa Comum (TEC) e a incorporação dos setores automotivo e açucareiro ao regime aduaneiro. “Outro ponto que acho que responde às necessidades da realidade atual é o lançamento de um Mercosul verde. É promover a cooperação para que não só o nosso comércio seja mais sustentável, mas também que mostremos ao mundo as nossas credenciais verdes: temos uma matriz energética renovável e nossa agricultura é sustentável”, detalhou a embaixadora.

Focem 2 e financiamento à infraestrutura

Para equacionar assimetrias entre as economias dos membros, o Palácio do Planalto quer lançar a segunda fase do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem 2). “Vocês sabem que o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul é um instrumento importante para resolver as assimetrias entre as economias. A versão 1 despendeu cerca de US$ 1 bilhão em projetos importantes, como a Costaneira no Paraguai. A gente anda por ela e é um orgulho ver que o Mercosul é capaz de ajudar em obras tão fundamentais”, relembrou Padovan, confirmando que oito novos projetos brasileiros do Focem 1 estão prestes a sair do papel.

Participação social e direitos humanos

Na vertente social, Brasília quer revigorar o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH) e o Instituto Social do Mercosul (ISM). “Nós gostaríamos de ver esses institutos mais vigorosos. Trabalharemos para ajudá-los a cumprirem a sua função importantíssima de preparar corpos técnicos, de fazer estudos, de difundir dados e elementos e de promover efetivamente temas fundamentais, como são direitos humanos e o tema da justiça e cuidado social”, disse a diplomata.

Comércio em alta e nova conjuntura regional

Os números reforçam o peso do bloco: entre janeiro e maio de 2025 o intercâmbio intrarregional somou US$ 17,5 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 3 bilhões. Veículos, trigo, energia elétrica e minério de ferro lideram a pauta. Além disso, a Bolívia consolidou-se como membro pleno em 2024, ampliando o mercado combinado para mais de 295 milhões de habitantes.

Diplomacia de paz e integração

A cúpula desta semana também será vitrine para a visão de Lula de um Brasil potência pacífica, que aposta na integração sul-americana como caminho para o desenvolvimento sustentável e a projeção global. O governo vê o Mercosul como peça-chave de uma arquitetura multilateral fundada no diálogo, na justiça social e na transição ecológica — pilares considerados essenciais para enfrentar desafios como a crise climática e a desigualdade.

Com a presidência pro tempore, Brasília terá a oportunidade de liderar o debate sobre o futuro do bloco, consolidando-o como plataforma de negociação econômica e, ao mesmo tempo, de cooperação em direitos humanos, segurança pública e financiamento regional. A agenda brasileira inclui ainda o fortalecimento da participação dos países associados, como o Panamá, e incentivo a pequenas e médias empresas, com recorte de gênero, para democratizar os benefícios da integração.

O que é o Mercosul

Criado em 1991, o Mercado Comum do Sul reúne Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e países associados, totalizando mais de 3 mil normativas em áreas que vão de comércio a saúde e energia. Além de fomentar a paz, o bloco garante benefícios como livre circulação de pessoas, reconhecimento previdenciário e alinhamento de normas sanitárias, sustentado por recursos naturais estratégicos — entre eles o Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce do planeta.

Ao assumir o comando do Mercosul, o Brasil renova seu compromisso histórico com a integração latino-americana e com um modelo de desenvolvimento que una competitividade, justiça social e sustentabilidade, reforçando a imagem do país como articulador de consensos em meio a um cenário internacional cada vez mais polarizado.

Foto reproduzida da Internet

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