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por Stella Galvão
Não se fala em outra coisa nos condomínios mais estrelados da Roberto Freire. Um verdadeiro clamor de indignação se ouviu em redes sociais, nos halls lotados de espelhos, em restaurantes extorsivos. Como, Jesus, Maria, José, foi permitido tal grau de humilhação aos cidadãos de bem? O estupor tomou famílias potiguares inteiras bem postas na vida provincial, com uma ruma de doutores. Voos foram fretados para garantir presença no show do ano, da década, do século. Parentes se uniram a um grande séquito deslocado à cidade maravilhosa, noite do dia 4 de maio, cálida noche na praia de Copacabana. Madonna, sim, senhoras e senhores.
Alguns tentaram, em vão, uma brecha num camarote Vip, esquecidos que a moeda de troca é a condição de celebrity. E não aquela modalidade de gente lembrada quando o assunto é falar de gordos salários, casamentos favorecidos por contra-cheques, lugar cativo nos restôs privês da natalina cidade, viagens jecas de grande monta para destinos tidos como chiques e por isso mesmo previsíveis. Quem deles nunca bateu ponto em Miami, ou em Bariloche, e mesmo em Barcelona?
O primeiro susto veio com a contemplação da plateia maciçamente LGBTQIA+, os beijos e amassos de tirar o folego até dos circunstantes. Seguiu-se com a saudação da consagrada rainha do pop ao público, com um sonoro verbete em português, popular exclamação relacionada ao órgão sexual masculino. Prosseguiu com a tour de bailarinos simulando toda variante de ato sexual no palco, inclusive tendo a cantora como partícipe ativa. Depois teve Anitta, aclamada rainha do funk, sendo simbolicamente lambida aqui e acolá.
Mas a cereja do bolo, a causa número 1 da situação vexatória protagonizada por gente auto-identificada como de alta estirpe da cidade do sol, deu-se pelo farto uso dos símbolos nacionais, em forma de bandeira e nas camisetas, por parte de Madonna e da drag queen brazuca Pablo Vittar. As mesmas cenas ‘desavergonhadas’, como repetiam hipócritas de plantão, que sempre se viu nos shows da cantora. Esperavam, talvez, que a agora sexagenária cantora botasse o pé no freio. Tolos presunçosos. Madonna foi a mesma dos últimos 40 anos, e a bandeira nacional, como a camiseta verde-amarela, será para sempre lembrada por ornar as estripulias da Pablo e da dona da festa naquela noite cálida em Copacabana.
*Stella Galvão é jornalista, cronista e colaboradora do blogdobarbosa
Foto: Buda Mendes/Getty Images
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