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Da Aliança de Mídia do Sul Global
O BRICS, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, se prepara para uma de suas mais ambiciosas cúpulas, nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. Sob o lema “Fortalecendo a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável”, o bloco pretende não apenas aprofundar a integração entre países em desenvolvimento, mas também apresentar respostas concretas à crescente onda de protecionismo, aos conflitos geopolíticos e à crise de legitimidade das instituições multilaterais tradicionais.
A cúpula de 2025 terá como foco prioritário temas como cooperação em saúde, comércio e finanças, mudanças climáticas, regulação da inteligência artificial, segurança internacional e reforma da governança global. O evento contará com a participação de novos países-membros e parceiros convidados, e será a primeira cúpula desde o processo de expansão do bloco.Play Video
“O cenário geopolítico internacional é bastante diferente este ano. Conflitos como a guerra entre Rússia e Ucrânia, as tensões entre Israel e Palestina e a recente confrontação entre Israel e Irã aumentaram o nível de incerteza global. Nesse ambiente, o posicionamento do Brics será observado com atenção pela comunidade internacional”, afirmou Wang Youming, pesquisador do Instituto de Países em Desenvolvimento do Instituto de Estudos Internacionais da China.
Wang também destacou que as tarifas impostas por Donald Trump impactaram negativamente todos os países do Brics, tornando ainda mais relevante a articulação conjunta do bloco em defesa de um comércio global mais equilibrado e justo.
Avanços nas finanças e tributação internacional
Além da pauta estratégica de segurança e governança, o Brasil — que ocupa a presidência rotativa do grupo — conseguiu articular uma vitória importante: o apoio formal à Convenção Tributária da ONU, com uma inédita menção à taxação de altas rendas no documento da trilha de Finanças. Conforme revelou o Valor Econômico, a declaração será apresentada neste sábado (5), durante reunião dos ministros da Fazenda e presidentes dos Bancos Centrais dos países do bloco.
O objetivo é avançar na construção de um sistema tributário internacional mais justo, com ênfase na cooperação contra a evasão fiscal, o compartilhamento de informações entre autoridades nacionais e a justiça fiscal como mecanismo de combate às desigualdades. O texto será posteriormente referendado no comunicado final da cúpula de líderes.
Essa agenda tributária retoma os avanços obtidos pelo Brasil durante o G20, sob liderança do presidente Lula, e prepara terreno para discussões similares na COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém (PA).
Desdolarização, comércio e proteção às economias do Sul
Um dos temas centrais da cúpula será o fortalecimento dos sistemas financeiros locais e a redução da dependência do dólar nas transações internacionais. A proposta, segundo Wang Youming, visa garantir maior soberania monetária e resiliência frente a sanções externas e choques financeiros globais.
Esse movimento também é impulsionado pela necessidade de reagir ao crescente uso de tarifas unilaterais por parte dos Estados Unidos. Em maio, os ministros de Comércio e Economia do Brics emitiram um comunicado conjunto expressando “profunda preocupação” com o avanço de barreiras tarifárias e não-tarifárias que violam as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC). Na ocasião, os países reafirmaram o compromisso com o multilateralismo, a integração produtiva e o desenvolvimento sustentável.
Dados do Instituto de Estudos Internacionais da China revelam que o comércio intra-Brics cresceu em média 10,7% ao ano na última década — mais do que o triplo do crescimento médio do comércio global no período. Apenas nos sete primeiros meses de 2023, o comércio entre a China e os demais países do bloco somou o equivalente a US$ 332 bilhões, com aumento de 19,1% em relação ao ano anterior.
Um novo polo de liderança global
O Brics consolida-se, assim, como um polo alternativo de governança econômica e política internacional, impulsionado pela ascensão de economias emergentes que buscam maior representatividade nas decisões globais. Com a criação do Banco de Desenvolvimento do Brics (NDB), o bloco oferece alternativas concretas de financiamento para infraestrutura e adaptação climática em países em desenvolvimento.
Outro instrumento relevante é o Arranjo Contingente de Reservas (CRA), criado em 2014 com função semelhante à dos Direitos Especiais de Saque do FMI, voltado a prover assistência financeira emergencial aos países-membros diante de choques cambiais ou crises externas.
A 17ª cúpula do BRICS, no Rio, marca um novo momento da coalizão: mais robusta, ampliada e disposta a influenciar a arquitetura econômica e diplomática mundial, desafiando os interesses hegemônicos e propondo um caminho multilateral baseado em cooperação, equidade e sustentabilidade.
Foto: THMais
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