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Quem mais feriu a ética, Alves ou Vargas?
A Câmara dos Deputados, mais precisamente o seu presidente, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o seu vice, André Vargas (PT-PR), se viu envolvida em ações antiéticas do ponto de vista parlamentar. Em junho passado, quando da final da Copa das Confederações, o seu presidente se utilizou de um jatinho da FAB para levá-lo ao Rio de Janeiro com familiares e amigos. A repercussão negativa foi tanta que Alves teve que desembolsar aproximadamente R$ 7 mil correspondente a uma viagem – ida e volta Natal-Rio-Natal em voo de carreira – dele e de seu grupo aos cofres públicos. Agora vem à tona o escândalo envolvendo o seu vice. O deputado André Vargas — investigado por seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef em negócios suspeitos no Ministério da Saúde -, utilizou em janeiro, ele e familiares, o jatinho de doleiro Youssef para ir à João Pessoa (PB).
Só um parêntese: a utilização de aeronaves da FAB não é nenhuma novidade por parte de políticos, mesmo estes não estando a serviço. Veja o caso por exemplo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se utilizou de um avião da Força Aérea para ir de Maceió, sua terra, à Recife fazer um implante de alguns fios de cabelo. Outro exemplo: a então ministra de Relações Institucionais do governo Dilma Ruossseff, Ideli Salvatti (PT-SC), no exercício do cargo utilizou o único helicóptero da Polícia Federal em Santa Catarina para intensificar a agenda de missões oficiais em sua base eleitoral no seu estado natal. justamente a aeronave destinada à remoção de pacientes graves resgatados em acidentes e tragédias naturais.
Registrado este pequeno parêntese, me detenho agora sobre o caso do vice-presidente da Câmara, que já começa a ser aconselhado a tirar licença do cargo, tamanho o escândalo. André Vargas não utilizou avião da FAB, mas em compensação viajou numa aeronave a título de empréstimo de um doleiro que está envolvido num grande escândalo que envolve a Petrobras.
Hoje O Globo publicou a informação de que diante das pressões tanto da oposição como, nos bastidores, de integrantes da base governista, especialmente do próprio PT, o deputado André Vargas (PT-PR) deverá se licenciar do cargo de vice-presidente da Câmara dos Deputados. O afastamento será discutido nesta segunda-feira mas desde ontem deputados aliados do governo estão conversando com o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), para encontrarem a solução adequada. O que desencadeou a reação foram as notícias de que Vargas e Youssef, preso no último dia 17 na Operação Lava-Jato da Polícia Federal, trocaram mensagens comprometedoras negociando contratos suspeitos. Numa delas, o doleiro diz a Vagas que os negócios suspeitos iriam garantir a “independência financeira” dos dois. Em outra, o doleiro diz que precisa de ajuda para resolver problemas financeiros, e o deputado afirma: “vou atuar”.
Fica a pergunta: o que é mais antiético, usar aeronaves da FAB sem está no exercício do mandato ou da função que ocupa nas esferas federais, ou utilizar, a título de amizade ou até mesmo troca de favores, um avião pertencente a um doleiro envolvido em escândalos que surrupiam o dinheiro público? Eu mesmo respondo:
Os dois casos são antiéticos, mas o segundo leva a um esquema de enriquecimento ilícito, através da troca de favores. Imorais os dois exemplos são, mas o segundo além de antiético e imoral é verdadeiramente ilícito.
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