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Artigo

Esperando Gonet

por Alex Solnik, no Brasil 247

Há, no ar, muito palpável, como se fosse de concreto, o temor de algumas alas da esquerda brasileira acerca de Paulo Gonet, o novo PGR. Escapam, ali ou acolá, preocupações com o futuro do governo.

Sendo mais claro: essas pessoas temem que Gonet, por ser conservador, vai trabalhar para derrubar Lula. 

Conservador ele é, não há dúvida a respeito, mas nem todo conservador é inimigo de Lula, em primeiro lugar. 

Em segundo, Gonet deverá passar boa parte ou quase a totalidade de seu mandato de dois anos debruçado sobre os processos que envolvem Bolsonaro e seu entorno de 60 pessoas denunciados pela CPMI do 8/1. 

Além disso, a história mostra que é mais fácil um PGR engavetar processos contra o presidente da República do que abrir. Augusto Aras e Geraldo Brindeiro que o digam. 

O único PGR que abriu uma ação contra um presidente da República, desde a redemocratização, foi Rodrigo Janot. E só  abriu porque as provas eram abundantes. A gravação de uma conversa clandestina entre Temer e o dono da JBS, Joesley Batista, e o vídeo do deputado Rocha Loures correndo na rua com R$500 mil na mala. Não tinha como não abrir processo. 

Ainda assim, nem Janot nem PGR algum podem mandar investigar o presidente sozinhos. Devem obter autorização de 2/3 da Câmara – o que Janot não conseguiu. Se fosse aprovada pelos deputados, a ação seguiria para o STF, que tem a prerrogativa de permitir a abertura das investigações. 

O poder do PGR, portanto, é limitado. Não tem como ele iniciar um processo contra o presidente sem provas robustas. Seria a sua desmoralização. E o caminho até atingir o presidente da República é longo e complicado. Passa pela Câmara e pelo STF.   

Pode-se esperar tudo de Gonet, como de qualquer pessoa que ganha poder. 

Mas é certeza que ele não vai ter tempo para se ocupar em derrubar, nos dois próximos anos, aquele que acabou de indicá-lo.

*Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais “Porque não deu certo”, “O Cofre do Adhemar”, “A guerra do apagão” e “O domador de sonhos”

Foto reproduzida da Internet

Em tempo: confira o meu comentário sobre Gonet no BB News TV e no Canal YouTube clicando aqui

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