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Política

Estadão passa recibo de subserviência e defende que Brasil abandone o BRICS

Está no Brasil 247

Em um editorial marcado pelo viés subserviente aos interesses norte-americanos, o jornal O Estado de S. Paulo defendeu, nesta segunda-feira (21), que o Brasil abandone o BRICS, bloco de países emergentes que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul. O editorial, publicado com o título “Brasil paga a conta da imprudência de Lula”, ataca abertamente a política externa soberana adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sugere, em tom alarmista, que a única saída para o País seria submeter-se à ordem unipolar imposta pelos Estados Unidos, após o tarifaço de Donald Trump, que determinou uma tarifa de 50% ao Brasil para tentar parar os processos contra Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de estado.

A publicação do Estadão, disponível em seu portal oficial, apresenta argumentos rasos para justificar o que chama de “custo” da participação do Brasil no BRICS. Sem qualquer menção aos avanços geopolíticos e comerciais promovidos pelo bloco, o jornal ecoa a retórica de submissão ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que iniciou seu segundo mandato em 2025 com uma política agressiva contra países que defendem a multipolaridade.

Ataque ao BRICS e defesa da hegemonia americana

No texto, o Estadão afirma que a decisão do presidente Lula de fortalecer o BRICS seria um “alinhamento imprudente” com China e Rússia, ignorando o fato de que o bloco representa mais de 40% da população mundial e atua como contrapeso fundamental ao domínio unilateral dos Estados Unidos. O jornal afirma: “Sairá cara a decisão de Lula de alinhar o Brasil à China e à Rússia a pretexto de fortalecer o Brics contra os EUA de Trump.”

A crítica chega ao ponto de minimizar a importância do multilateralismo, alegando que o BRICS “se presta exclusivamente a projetar o poder da China em contraste com os EUA e o Ocidente”, além de classificar o apoio à Rússia como um respaldo ao “imperialismo de Vladimir Putin”.

A retórica do Estadão deixa evidente sua opção pela velha política do alinhamento automático a Washington. Não há qualquer referência, por exemplo, aos benefícios trazidos pelo Novo Banco de Desenvolvimento (o “banco do BRICS”), à possibilidade de utilização de moedas locais no comércio internacional, à expansão do bloco com a inclusão de novos membros estratégicos ou à recente cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, considerada um sucesso diplomático internacional.

Omissão sobre as chantagens de Trump

O editorial também silencia sobre o histórico recente de chantagens dos Estados Unidos contra o Brasil, inclusive durante o governo anterior. Curiosamente, o jornal menciona a “irresponsabilidade de Jair Bolsonaro” ao pressionar Trump por apoio para escapar da Justiça brasileira, mas centra fogo em Lula, apontando o BRICS como “ameaça” ao País.

No trecho mais crítico, o jornal afirma: “A única forma de poupar o Brasil dos efeitos deletérios dessa decisão seria abandonar esse bloco, que se presta unicamente aos projetos chineses e russos, sem qualquer ganho concreto e de longo prazo para o País.” É a defesa aberta da capitulação nacional diante dos interesses do imperialismo norte-americano.

Um mundo multipolar é do interesse do Brasil

O editorial ignora o papel fundamental do BRICS na construção de uma ordem internacional mais justa e equilibrada, baseada no respeito à soberania dos povos e na cooperação econômica entre países do Sul Global. Sob a liderança do presidente Lula, o Brasil voltou a ser protagonista na cena internacional, apostando em relações comerciais e diplomáticas diversas, sem se submeter a nenhuma potência específica.

A recente cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, realizada com ampla participação internacional, consolidou o compromisso dos países membros com o desenvolvimento sustentável, a reforma das instituições financeiras internacionais e a luta pela paz mundial. Diferentemente da visão estreita do Estadão, o Brasil tem sido reconhecido globalmente como uma ponte entre as grandes potências, reforçando seu histórico de política externa independente e pacífica.

Ao defender que o Brasil se curve aos caprichos da Casa Branca, o Estadão não apenas despreza a tradição diplomática do País como também ignora os interesses econômicos concretos que o BRICS oferece em termos de financiamento, infraestrutura e ampliação de mercados. O alinhamento automático jamais trouxe prosperidade ao Brasil e o mundo unipolar da Guerra Fria já não existe.A defesa do multilateralismo, da multipolaridade e da inserção soberana do Brasil no mundo é um caminho estratégico, sobretudo em um momento em que o cenário global passa por grandes transformações. Ao sugerir a submissão, o Estadão apenas confirma seu papel histórico como porta-voz das oligarquias colonizadas, que preferem o atraso da dependência externa à construção de uma nação soberana e altiva.

Foto reproduzida da Internet

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