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Economia, Política

`Estamos assistindo ao colapso do paradigma liberal´, diz Aloizio Mercadante

Está no Brasil 247

Durante o seminário “A transição energética e a sustentabilidade do futuro”, promovido pelo BNDES com apoio do Brasil 247 e do portal chinês Guancha, no dia 9 de julho, no Rio de Janeiro, o presidente do banco, Aloizio Mercadante, fez uma análise crítica do cenário internacional e apresentou uma ampla agenda de reconstrução produtiva, ambiental e tecnológica para o Brasil.

Em tom direto, Mercadante afirmou:

“Estamos assistindo ao colapso do paradigma liberal de governança do Ocidente. Aquelas ideias hegemônicas do Consenso de Washington hoje não são consenso nenhum em Washington.”

Ele enfatizou a falência do modelo do Estado mínimo e a incapacidade do mercado de resolver crises como o aquecimento global, a desigualdade e a estagnação da inovação:

 “Precisamos repensar a relação entre Estado, economia e sociedade.”

O presidente do BNDES defendeu a atuação ativa do Estado no financiamento da nova industrialização e citou o exemplo dos países asiáticos, especialmente a China, como referência na articulação entre mercado e planejamento público.

Inteligência artificial, soberania digital e inovação

Mercadante alertou para os riscos do neocolonialismo digital, denunciando a dependência de modelos de linguagem estrangeiros e cobrando investimento em inteligência artificial nacional:

 “Se a LLM (modelos de linguagem usado em IA) do mundo ibero-americano não avançar, vamos perder valores, cultura e autonomia.”

Segundo ele, o BNDES já aplica IA para análises jurídicas e reputacionais, e firmou acordo com bancos dos Brics para o uso compartilhado dessa tecnologia. Em primeira mão, revelou que o banco recebeu 618 propostas de projetos de pesquisa e inovação (P&D), com demanda superior a R$ 10 bilhões, que podem gerar milhares de empregos qualificados.

Emergência climática e o papel do Brasil

A crise climática foi apontada como “uma das dimensões mais complexas da crise global”. Mercadante destacou que:

 “2025 já é o terceiro ano mais quente da história. Ninguém previa um aumento tão rápido da temperatura média global.”

Ele lembrou a atuação do BNDES nas enchentes do Rio Grande do Sul, com mais de R$ 9 bilhões em apoio emergencial, e advertiu que países menores não teriam condições de enfrentar catástrofes de tal escala. Também denunciou a falta de agilidade e recursos dos organismos multilaterais diante dos eventos extremos.

O presidente do banco defendeu a liderança brasileira na COP 30, em 2025, e reforçou a importância do Fundo Amazônia, citando investimentos em inteligência, fiscalização e ações integradas com as polícias da região.

Transição energética e os Brics como vanguarda

Mercadante reiterou que a transição energética mundial está, na prática, sendo uma “adição energética”, já que os combustíveis fósseis continuam em expansão. No entanto, destacou que o Brasil tem posição privilegiada:

 “Nossa matriz energética é duas vezes mais limpa do que a média da OCDE. Temos mais sol, mais vento e mais água.”

Defendeu o uso estratégico do etanol, do biodiesel, da eletromobilidade e dos biocombustíveis na aviação e navegação. Ressaltou ainda a liderança dos Brics, classificando o grupo como

 “a vanguarda do Sul Global, que busca reconstruir instituições multilaterais e promover uma nova ordem internacional baseada no respeito e na cooperação.”


Industrialização, minerais estratégicos e agregação de valor

Ao tratar da neoindustrialização, Mercadante afirmou que o Brasil não pode repetir o erro de ser apenas exportador de commodities:

“Temos que usar nossos minerais críticos, como lítio, nióbio e grafite, para desenvolver a indústria 4.0 e agregar valor no país.”

Segundo ele, o BNDES está financiando empresas como a Embraer e incentivando a instalação de centros de pesquisa de multinacionais, como Bosch, Volkswagen e Toyota.

Um país provedor de soluções

Mercadante encerrou sua fala exaltando o papel histórico do Brasil como líder pacífico na América do Sul e como fornecedor de soluções para a crise ambiental, energética e alimentar:

 “Já estamos onde os países desenvolvidos querem chegar daqui a 30 anos. Isso só foi possível por causa do BNDES, dos seus servidores e da liderança extraordinária de Luiz Inácio Lula da Silva.”

O evento reafirmou o papel do banco como protagonista na formulação de políticas públicas e no fortalecimento de uma economia mais verde, soberana e inovadora.

Foto reproduzida da Internet

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