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Está no Brasil 247
A Universidade Harvard, uma das instituições mais prestigiadas do mundo, entrou em confronto direto com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, ao rejeitar exigências federais que, segundo a universidade, violam sua liberdade acadêmica e constitucional. As informações são da agência Reuters.
A resposta da Casa Branca veio poucas horas depois: o congelamento de US$ 2,3 bilhões em financiamento federal para a universidade, um duro golpe que aprofunda a escalada de tensões entre a administração Trump e o meio universitário norte-americano. Segundo o Departamento de Educação, a decisão está ligada a alegadas falhas de Harvard em combater o antissemitismo em seu campus, especialmente após uma série de manifestações pró-palestinas.
O presidente de Harvard, Alan Garber, foi direto em sua carta pública divulgada na segunda-feira (14). Para ele, as imposições do governo federal equivalem a tentar transformar Harvard em um braço político de Washington. “Nenhum governo — independentemente do partido no poder — deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem elas podem admitir e contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa elas podem seguir”, escreveu Garber. “A Universidade não abrirá mão de sua independência nem abrirá mão de seus direitos constitucionais.”
As exigências do Departamento de Educação, divulgadas na semana passada, incluem a auditoria externa de departamentos e a revisão ideológica de alunos e professores para garantir o que o governo chamou de “diversidade de pontos de vista”. O departamento também quer que Harvard abandone qualquer critério de admissão ou contratação baseado em raça, cor ou nacionalidade — medida que críticos consideram um ataque às políticas de ação afirmativa. Além disso, estudantes internacionais devem ser avaliados sob o critério de “aderência aos valores americanos”, e qualquer violação de conduta por estrangeiros deverá ser denunciada à imigração.
Em reação, um grupo de professores de Harvard entrou com um processo judicial para impedir a revisão governamental de cerca de US$ 9 bilhões em contratos e bolsas federais. A ação busca proteger a autonomia da universidade e barrar o que consideram uma ofensiva ideológica contra o ensino superior.
Garber também destacou que a universidade já havia tomado medidas para proteger estudantes judeus no início do ano, por meio de um acordo que encerrou dois processos por suposto antissemitismo no campus. No entanto, ele afirmou que combater o antissemitismo “não será alcançado por meio de afirmações de poder, desvinculadas da lei, para controlar o ensino e a aprendizagem em Harvard e ditar como operamos”.
O porta-voz da Casa Branca, Harrison Fields, justificou a decisão do governo Trump com um discurso duro: “O presidente está trabalhando para tornar o ensino superior ótimo novamente, acabando com o antissemitismo desenfreado e garantindo que o dinheiro dos contribuintes federais não financie o apoio de Harvard à discriminação racial perigosa ou à violência motivada racialmente”, declarou.
A crise entre o governo e o meio acadêmico se agravou desde a posse de Trump para seu segundo mandato, com repressões a protestos pró-Palestina em diversas universidades e perseguições a estudantes estrangeiros — alguns dos quais enfrentam procedimentos de deportação.
Além de Harvard, outras instituições da Ivy League estão sob pressão. A Universidade Columbia, por exemplo, teve US$ 400 milhões em financiamento federal suspensos e pode ser forçada a assinar um decreto de consentimento para seguir diretrizes federais sobre antissemitismo. Professores da Columbia também já processaram o governo.
Em meio à turbulência, Harvard tenta se precaver contra os impactos financeiros: a universidade está negociando um empréstimo de US$ 750 milhões com Wall Street para cobrir eventuais perdas.
O embate entre Harvard e a administração Trump promete se arrastar nos tribunais e reacende o debate sobre liberdade acadêmica, perseguição ideológica e interferência do Estado na vida universitária. A disputa se insere em um contexto mais amplo de polarização política nos Estados Unidos, em que centros de ensino passaram a ser alvos prioritários de um governo que acusa as universidades de “doutrinação esquerdista” e “intolerância contra valores conservadores”.
A comunidade acadêmica e a sociedade civil seguem atentas, enquanto o futuro do financiamento à pesquisa e à autonomia universitária nos EUA parece cada vez mais incerto sob o novo mandato do presidente Donald Trump.
Foto reproduzida da Internet
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