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Está no Brasil 247
Em entrevista à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o chanceler brasileiro Mauro Vieira comentou os principais temas da política externa brasileira e defendeu o protagonismo do país no cenário internacional. A conversa ocorreu às vésperas da Cúpula do BRICS, que reúne 14 chefes de Estado no Rio, apesar das ausências de lideranças como Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia), Abdul Fatah Al-Sisi (Egito) e Ali Khamenei (Irã).
Na entrevista, Vieira rebateu com firmeza as críticas sobre um possível esvaziamento do encontro. “Essa é uma análise superficial”, afirmou. “Há poucas semanas, o presidente Donald Trump precisou voltar a Washington no meio de uma reunião do G7, no Canadá, e ninguém lá falou em cúpula esvaziada”, disse. Para Mauro Vieira, o incômodo de potências ocidentais com o BRICS é compreensível diante da força que o bloco adquiriu. “Rússia, Brasil, Índia… são países muito distintos. Mas a China e a Índia, juntas, têm 3 bilhões de habitantes. Se isso não for importante, nada mais será.”
Segundo ele, o BRICS não se opõe ao Ocidente, mas age em favor de seus membros. “O G-20 também reúne potências ocidentais e países do BRICS. Nós nunca viramos as costas para ninguém. Como já disse o presidente Lula, o BRICS e o G-20 hoje são mais importantes que a ONU, que está paralisada, em uma situação lamentável”, ressaltou. Sobre a criação de uma moeda comum entre os países do bloco, o chanceler respondeu com ironia: “Nos meus dias, não. Estarei aposentado, seguramente. Porque é uma coisa muito complexa.”
Vieira também destacou o avanço concreto do bloco com o Banco do Brics, que já emprestou US$ 100 bilhões, e a cooperação em áreas como medicina, ciência e inteligência artificial. “Não podemos deixar que apenas países superdesenvolvidos como EUA e China tomem conta da inteligência artificial e nos reste pagar para usar tudo”, observou.
Sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Mauro Vieira afirmou que, embora Lula e ele nunca tenham se encontrado, acredita que “na hora em que os dois se encontrarem, seguramente vão se dar bem”. “Tem que haver uma ocasião, uma oportunidade, que ainda não se apresentou.”
Questionado sobre eventuais sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o chanceler foi enfático: “Não dar importância. Virar as costas e seguir. O que o Brasil poderia fazer? Virar a cara, dizer que está zangado?” Vieira rejeitou a acusação de que Moraes seria um ditador: “Eles argumentam. Mas não é. Simplesmente não é. Precisam se informar melhor”, afirmou.
Ao abordar o conflito em Gaza, o ministro reiterou o posicionamento do presidente Lula e que ele “tem razão nas críticas que faz. Não é normal assistir a crianças, jovens e pessoas de idade em uma fila para receberem alimentos em Gaza sendo fuzilados.” Vieira afirmou ainda que as críticas brasileiras são dirigidas ao governo de Israel, e não ao povo. “Sempre tivemos ótimas relações. O Brasil assinou a certidão de nascimento de Israel na Assembleia Geral da ONU.”
Sobre o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), Vieira criticou sua natureza desigual. “O TNP congela a situação. Quem tem [a bomba] tem. Quem não tem, não pode mais ter.” Ainda assim, afirmou: “O Brasil é um país pacífico. A decisão [de abrir mão da bomba atômica] foi certa. Mas, lamentavelmente, não inspirou outros países.”
Em relação à influência internacional do Brasil, Vieira exaltou a figura de Lula como liderança global. “A figura do Lula é marcante. Não há hipótese de, no século 21, falarmos do Brasil sem falar da presença, do peso e do prestígio dele. Quando o Brasil fala pelo Lula, ele é, sim, ouvido. Cala fundo. Não pense que outros falam e têm a mesma importância. Ele é uma grande personalidade global, mundial. É ouvido e levado em conta em todo o mundo.”, afirmou.
O chanceler também descreveu como positivo o encontro entre Lula e o presidente argentino Javier Milei. “Foi ótimo. Sentaram lado a lado. Fizeram discurso. Tem fotografias dos dois com sorrisos. Você acha que isso é gelo? Eu nunca vi sorriso gelado.”
Foto reproduzida da Internet
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