Política

Membro da Assembleia de Deus, Bolsonaro diz que é `católico´ e foi `surpreendido´ pela mulher Michelle

Está no site Brasil 247  

Diante da repercussão negativa da decisão de Michelle Bolsonaro de retirar peças de arte sacrado Palácio do Alvorada, seu marido, Jair, disparou um tweet na manhã desta terça-feira (18) dizendo-se “surpreendido” pela notícia. O tweet (veja abaixo) tem redação que deixa em dúvida o sentido da surpresa. Bolsonaro foi surpreendido pela decisão da mulher ou pela notícia e, neste caso, insinuaria que ela é falsa?

Fui surpreendido com a notícia que minha esposa retiraria imagens católicas da futura residência oficial devido sua religião. Ela evangélica e eu católico, ambos temos objetos que lembram nossa fé em nossa casa! Não por acaso, criam narrativas para nos desgastar a todo custo!— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 18 de dezembro de 2018

O texto é propositadamente confuso ou apenas mal escrito? Bolsonaro não se arriscou a acusar a notícia de mentirosa, pois ela foi confirmada  por três funcionários do Palácio do Planalto e pelo general Hamilton Mourão, futuro vice-presidente (aqui). No mesmo tweet, Bolsonaro afirmou ser “católico”, o que é uma falsificação grosseira, pois foi batizado na Assembleia de Deus em 2016.

Chega a ser surpreendente que Bolsonaro declare-se católico. Em 2016 Jair Bolsonaro foi até o rio Jordão, em Israel, para ser batizado pelo pastor Everaldo, candidato a presidente pelo PSC em 2014 e atual presidente do partido -o PSC é uma das nove siglas às quais Bolsonaro já foi filiado. Em 2013 quem oficiou seu casamento com Michelle foi o Silas Malafaia, o pastor mais conhecido da Assembleia de Deus e um dos maiores líderes do fundamentalismo no país.

O presidente eleito parece manter propositadamente uma ambiguidade em torno do tema da religião, apresentando-se ora como evangélico ora como católico conforme a ocasião se apresente. 

Ele não falou em seu tweet sobre a situação mais grave no imbroglio em que se transformou: a remoção da obra “Três Orixás”, da pintora Djanira da Motta e Silva, do Palácio do Planalto. Os fundamentalistas brasileiros têm sido especialmente agressivos com as religões afro e seu locais de celebração nos últimos anos, com dezenas de ataques e agressões registrados. 

Imagem reproduzida do Brasil 247

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