O blog cria um novo espaço pra relembrar causos e editoriais, clique aqui para acessar o e-book.
Arquivos
Links Rápidos
Categorias
E-book
O blog cria um novo espaço pra relembrar causos e editoriais, clique aqui para acessar o e-book.
Coletânea de Causos
Incentivado por amigos resolvi escrever também causos particulares vivenciados ao longo dos anos. Alguns relatos são hilários, e dignos de levar ao programa Que História é Essa, Porchat. Seguem os causos em forma de coletânea.
O ano era o de 1993. Era um ano de eleições municipais e eu era repórter de política do Diário de Natal. Quatro candidatos disputavam o pleito na capital potiguar: Aldo Tinoco, que acabou se elegendo, o deputado federal Henrique Eduardo Alves, sua irmã Ana Catarina Alves e o professor Júnior Souto. A campanha foi marcada pelo rompimento político de Ana Catarina Alves com sua família, que tinha como chefe do clá o ex-governador do Rio Grande do Norte e ex-ministro de Estado Aluizio Alves, já falecido. Vamos aos fatos:
O dia em que deixei Ana Catarina Alves numa “saia justa”
Com o andamento da campanha o Diário de Natal decidiu promover um debate com os quatro candidatos a ser transmitido pela então Rádio Poti. Quatro jornalistas do jornal foram indicados para participar do debate com os candidatos: Eu e mais os colegas Gérson de Castro, André Alves, e Juliano Freire. O mediador foi o jornalista Luiz Lobo, que veio do Rio especialmente para participar do evento a convite do DN. O debate foi realizado no auditório do antigo Cefet [Centro Federal de Ensino Tecnológico].
Marcado para iniciar às 9h, os candidatos e os jornalistas que iriam participar do debete teriam que chegar com uma hora de antecedência ao local para a realização do sorteio para a ordem das perguntas. Cada jornalista tinha direito, salvo engano, a fazer duas perguntas a dois candidatos diferentes que teriam os seus nomes sorteados. Combinamos eu, Gérson, André e Juliano as perguntas que iríamos fazer dependendo do candidato que caísse pra cada um de nós. Lembro como se fosse hoje. Como Ana Catarina tinha rompido politicamente com a família e era candidata com o apoio do senador José Agripino Maia, então adversário político dos Alves, uma das perguntas a ser dirigida a ela era a seguinte: Vereadora – na época Ana era vereadora em Natal -, qual o seu líder maior na política do Rio Grande do Norte? A gente sabia que essa era o tipo da pergunta embaraçosa para ela. Dito e feito. Na hora do sorteio coube a mim fazer a primeira pergunta a Ana Catarina.
O debate, apesar de ser transmitido ao vivo pela Rádio Poti, algumas pessoas tiveram acesso ao auditório. Foram distribuídos convites de acordo com a capacidade do local. Na hora em que fiz a pergunta percebi claramente os buxixos no auditório. Ninguém esperava que fosse feita uma pergunta desse tipo. Afinal, eram dois irmãos que estavam alí, filhos de uma grande liderança do estado, e que naquele momento estavam rompidos politicamente.
Percebi de imediato também que Ana Catarina ficou numa “saia justa”. Demorou um pouco a responder. Raciocinou e disse que para ela no Rio Grande do Norte existiam dois grandes líderes políticos. O seu pai, Aluizio Alves e o senador José Agripino, que naquele momento era o seu líder. Como tinha direito a réplica insisti e disse: Acho que a senhora não entendeu direito a minha pergunta. Vou repetir: Qual o seu líder maior na política do Rio Grande do Norte? Ela balbuciou e repetiu o que havia dito. Luiz Lobo me perguntou então se estava satisfeito com a resposta ao qual lhe disse que não. Que a vereadora não soube responder a indagação, afinal havia perguntado qual o líder maior e não os maiores líderes.
Ao tomar a palavra para responder uma outra pergunta de um colega, o deputado Henrique Eduardo Alves aproveitou a deixa e foi logo dizendo: “Antes de responder a pergunta gostaria de dizer que para mim o Rio Grande do Norte só tem um único líder político. Chama-se Aluzio Alves, meu pai”. A platéia suspirou.
A repercussão da pergunta foi tamanha que soube que no mesmo dia, à tarde, na carreata que Henrique Eduardo Alves realizou nos bairros do Alecrim e Quintas o comentário era um só. O embaraço de Ana Catarina na pergunta dirigida por mim a ela. Soube ainda que Aluizio Alves preferiu não ir ao debate, mas que ficou acompanhando pelo rádio em seu apartamento e que teria ficado irritado com a pergunta. Para quem não sabe Ana Catarina e Henrique Eduardo são irmãos gêmeos.
Obs do blog: O leitor-internauta que quiser conhecer outras memórias do baú de um repórter é só ir em BUSCA na coluna à direita do blog e digitar uma palavra-chave, tipo baú.
Deixe uma resposta