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Coletânea de Causos
Incentivado por amigos resolvi escrever também causos particulares vivenciados ao longo dos anos. Alguns relatos são hilários, e dignos de levar ao programa Que História é Essa, Porchat. Seguem os causos em forma de coletânea.
Continuando a série de informações nesse novo espaço criado no blog sobre coisas que presenciei ou até mesmo participei, mas que não viraram notícia, como que os bastidores da notícia, reporto-me hoje a história de como surgiu uma matéria que considero uma das melhores quando era repórter de Política do Diário de Natal. Isso foi nos ídos de 1990 quando da eleição do senador José Agripino Maia, então no PFL, para governador do Rio Grande do Norte pela segunda vez.
O dia em que Lavô rompeu com Agripino
O hoje deputado estadual Lavoisier Maia, então no PDT, e na época casado com a prefeita de Natal (RN), Wilma de Faria, atual governadora do estado, almejava também voltar ao governo. Lavoisier já havia sido governador biônico. Dessa vez queria testar as urnas. Aliados, Agripino e Lavoisier Maia divergiam quanto a quem deveria postular o cargo. Se ele [Agripino] ou Lavoisier. Muitas foram as conversas nesse sentido. O PMDB do clã Alves, comandado nessa época pelo ex-governador e ex-ministro de Estado Aluizio Alves – já falecido – não tinha nome para disputar o pleito. Foi aí que começaram as conversas com Lavoisier Maia, uma opção fora do partido mas que agradava aos Alves.
Pois muito bem: Numa terça-feira – salvo engano – por volta das 11h, Lavoisier foi à casa do jornalista Cassiano Arruda, amigo pessoal do senador José Agripino. Antes havia tido uma longa conversa com seu correligionário. Lavô, como é chamado carinhosamente pelos amigos, foi a Cassiano se queixar de Agripino, a quem sabia que o hoje senador depositava toda confiança.
Como moro próximo a Cassiano Arruda no bairro Tirol, em Natal – os fundos de sua casa dão para a frente do meu edifício – e de tão alto que Lavoisier Maia falava, apesar de morar no oitavo andar, deu para escutar toda a queixa de lavô com relação a Agripino. Fui à janela e ouvi perfeitamente as queixas de Lavoisier contra Agripino. Dizia ele que o primo só dava atenção ao então deputado Flávio Rocha – herdeiro da empresa de confecções Guararapes e das Lojas Riachuelo – porque Rocha tinha dinheiro e ele não. Nesse fim de manhã, no terraço à beira da piscina da casa de Cassiano Arruda, Lavoisier Maia tanto gesticulava como lamentava muito a posição de Agripino que não abria mão de ser o candidato do sistema ao governo estadual.
Aguardei Lavoisier Maia ir embora – passou mais ou menos uns 40 minutos conversando com Cassiano – e toquei o telefone para o psiquiatra Maurilton Morais, dirigente do PDT do Rio Grande do Norte nessa época. Morais era sempre uma boa fonte. Disse o que havia presenciado. Ele me respondeu: Se você quer uma boa matéria corra agora pra casa de Lavô. Ele está disposto a romper com Agripino e sair candidato apoiado pelo PMDB. Nem pensei duas vezes. Sequer almocei. Peguei o gravador e toquei o carro pra casa do casal Lavô/Wilma no bairro Candelária. Eles residiam numa casa numa rua que fica localizada em frente ao Campus Universitário da UFRN.
Chegando lá, Lavô e dona Wilma estavam almoçando. Me identifiquei e a empregada da família me pediu para aguardar. Lembro como se fosse hoje. Terminado o almoço Lavô, só de bermudas e sem camisa, veio me atender no terraço, onde me encontrava. Sempre solícito, Lavoisier Maia, com aquele seu jeitão, foi logo me perguntando:
– O que é que você quer Barbosa?
– Fui direto ao assunto: Estou sabendo que o senhor acabou de romper com Agripino.
– Ele perguntou como eu sabia daquilo, mas ao mesmo tempo como quase uma confirmação: Como é que você sabe disso?
– Lhe disse: Tenho boas fontes.
Ele sentou-se no sofá ao meu lado e iniciamos a entrevista. Lavô confirmou tudo o que dissera a Cassiano e disse que a partir daquele momento estava rompendo com Agripino e saindo candidato a governador com o apoio do PMDB dos Alves.
De lá voltei pra casa para almoçar e seguir pra redação. Chegei no jornal por volta das 14h. Luciano Herbert, editor de Política, ainda não havia chegado ao DN. Aproveitei então para fazer a decupagem – transcrever a entrevista. Quando Luciano chegou, como sempre, me perguntava: Alguma novidade Barbosa? Foi então que eu lhe disse: Teho uma bomba. Lavô rompeu com Agripino e será candidato com o apoio do PMDB. Luciano vibrou. Só a gente tinha essa matéria.
Resultado: Manchete do Diário de Natal no dia seguinte com grande repercussão no meio político do Rio Grande do Norte. Os bastidores dessa notícia pouca gente sabia, até hoje.
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