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Baú de um Repórter

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Coletânea de Causos

Que causos são esses, Barbosa?

Incentivado por amigos resolvi escrever também causos particulares vivenciados ao longo dos anos. Alguns relatos são hilários, e dignos de levar ao programa Que História é Essa, Porchat. Seguem os causos em forma de coletânea.

O Baú de um Repórter, Política

O baú de um repórter

Essa não esqueço nunca mais. O ano era 1993. Ana Catarina Alves rompeu com a família para sair candidata a prefeita de Natal (RN) com o apoio do senador José Agripino Maia, então dirigente estadual do PFL. O ex-governador e ex-ministro de Estado Aluizio Alves, já falecido, não engolia a decisão da filha, irmã gêmea do deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB) que também concorria ao pleito. Vamos aos fatos:

O dia em que Aluizio Alves chorou, mas não houve registro fotográfico

Era eu repórter de Política do Diário de Natal. Fui escalado para cobrir a convenção do PMDB de Natal que homologaria a candidatura do deputado Henrique Eduardo Alves a prefeito. Eu e o fotógrafo Moraes Neto. Era um domingo. A reunião partidária teve início às 9h, mas o grande momento dos discursos estava previsto para o meio dia, quando do encerramento da convenção, quando iriam falar o próprio candidato, Henrique no caso, Garibaldi Alves e, claro, Aluizio Alves, o chefe do clã Alves e líder maior do grupo político.

A expectativa em torno do pronunciamento de Aluizio Alves era muito grande tendo em vista o rompimento político de Ana Catarina para concorrer ao pleito tendo o apoio de José Agripino Maia, maior opositor até então dos Alves no Rio Grande do Norte. A Assembléia Legislativa estava repleta de correligionários do PMDB. A imprensa, apesar de ser um domingo, também estava presente em grande número com repórteres de jornais, televisão e rádio.

Chega o grande momento. Era quase meio dia quando Aluizio Alves subiu à tribuna da Casa para falar. O setor destinado à imprensa ficava junto ao púlpito de onde se percebia qualquer atitude dos que ali subiam para se pronunciar. Qualquer gesto percebia-se claramente.

Aluizio começa o discurso. Os olhos da platéia estavam atentos para o líder maior do PMDB no Rio Grande do Norte. Henrique e Garibaldi sentados um ao lado do outro na Mesa Diretora da Assembléia com os olhos e os ouvidos também atentos ao pronunciamento. Dona Ivone, esposa de Aluizio Alves, ja falecida, sentada na primeira fila de cadeiras no plenário da AL.

Nem bem iniciou o seu pronunciamento percebia-se o nervosismo de Aluizio Alves. Ao falar na filha Ana Catarina Alves não se conteve e as lágrimas começaram a cair. Dona Ivone prontamente se levanta, vai até o marido e entrega-lhe um lenço verde – símbolo da campanha de 1960 quando Aluizio Alves chegou ao governo do estado. Os presentes em silêncio assistem a cena que tomou conta de emoção um dos principais líderes da política potiguar.

Vendo aquele cenário tratei logo de saber se Moraes Neto tinha feito a foto. Qual nada. Moraes pensando que a convenção ia ser como uma outra qualquer fez as fotos rotineiras e foi embora. Pensei: Perdemos a grande foto. Olhei para o lado e vi o fotógrafo Luiz Henrique da Tribuna do Norte e perguntei: Fez a foto? Pra minha surpresa Luiz Henrique disse que não porque tinha medo de ser demitido do jornal. Disse-lhe que tinha que ter feito a foto. Se o jornal ia publicar ou não eram outros quinhentos.

A verdade é que os jornais, tanto o Diário de Natal quanto a Tribuna do Norte deixaram de publicar essa que seria a foto das capas dos dois matutinos. Em jornalismo a gente tem que estar preparado para tudo. Num evento dessa natureza pode só acontecer o trivial,  mas também pode ocorrer o inusitado. Foi o caso. Aluizio Alves chorou pela filha irmã gêmea de Henrique ter rompindo politicamernte com ele, e o pior, ter se aliado ao seu maior inimigo na época, José Agripino Maia.

Obs do blog: O leitor que quiser conhecer outras memórias do baú do repórter é só ir em BUSCA na coluna à direita do blog e acessar uma palavra-chave. 

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