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Dentre tantas lembranças boas e engraçadas que eu tenho da redação essa é uma delas. Eu era repórter de cidades do Diário de Natal e na época o meu amigo e colega João Bezerra Júnior também trabalhava na mesma editoria no DN. Era comum na época o carro da reportagem sair com três repórteres e cada um com pelo menos três pontos de pauta. Acho que deve ser assim até hoje nos jornais locais. Vamos ao fato:

O dia em que o som dos grilos substituiu a pauta

Trabalhávamos de tarde no Diário de Natal. Normalmente chegavámos à redação por volta das 14h. Margareth – Meg como é mais conhecida pelos colegas era a chefe de reportagem. Exigente como ela estava sempre cobrando o cumprimento da pauta aos repórteres. Pois muito bem: Nesse dia uma das pautas de João Bezerra era no campus universitário da UFRN [Universidade Federal do Rio Grande do Norte]. Não lembro bem qual era o ponto de pauta.

O esquema de saída dos repórteres se dava da seguinte forma: O primeiro a ser deixado para cumprir a pauta deveria aguardar o carro da reportagem que retornaria ao local assim que deixasse o terceiro repórter na pauta. E assim sucessivamente até que cumprissímos as três pautas. Ocorre que quando o motorista voltou para pegar João Bezerra o seu entrevistado não havia chegado.  O motorista então ficou de retornar para pegá-lo.

Pouco mais das 18h ele aparece na redação puto da vida. Meg pergunta se a pauta foi cumprida. Ele ironicamente ligou o gravador e mostrou o barulho dos grilos no campus. E disse que estava ali a entrevista que havia feito. Claro, João Bezerra tinha razão. O motorista esquecera de lhe pegar no campus. Conclusão: a pauta da UFRN furou e as outras duas não puderam ser feitas. Daí veio a idéia genial dele gravar o som dos grilos enquanto aguardava o carro da reportagem. Detalhe: o motorista que foi pegá-lo foi o motorista da noite. O que saíra na reportagem à tarde fora rendido pelo colega da noite que fora avisado que ainda faltava pegar um repórter. Justamente João Bezerra.

Essa história João Bezerra conta até hoje. São histórias engraçadas de um tempo em que estávamos iniciciando no jornalismo. Bons tempos aqueles!

Obs do Blog: O web-leitor que se interessar em conhecer outras memórias deste escriba é só ir em BUSCA na coluna à direita do blog e digitar uma palavra-chave tipo baú.