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Vasculhando minha memória de repórter me lembrei do dia em que conheci o jornalista Carlos Marchi, um gaúcho de tendências socialistas que revolucionou a maneira da extinta EBN [Empresa Brasileira de Notícias], uma agência de notícias estatal, de fazer jornalismo. Isso foi no governo José Sarney. Lá se vão longos anos. Vamos ao fato:

Carlos Marchi, o homem que acabou com o jornalismo chapa-branca na EBN

Fazia pouco tempo que tinha sido contratado pela EBN [Empresa Brasileira de Notícias] para trabalhar na sucursal do Rio Grande do Norte. O jornalista Albimar Furtado era então gerente do escritório da empresa que funcionava em quatro salas no Edifício Cidade do Natal, centro da capital potiguar. Acho até que só tinha uma semana que estava trabalhando na EBN.

Nesta semana em que fui contratado Albimar Furtado reuniu os funcionários da sucursal onde tinha três repórteres – eu, Luiz Antônio Felipe e Roberto Machado, três teleptistas e dois outros funcionários da parte administrativa  – e nos disse que o novo presidente da EBN estava para visitar o escritório de Natal. Era uma visita que estava fazendo a todas as sucursais. Carlos Marchi o nome dele.

No dia de sua visita Albimar Furtado me apresentou como o mais novo repórter da sucursal da EBN no Rio Grande do Norte. Simpático, Marchi me desejou boa sorte. Na conversa que teve com a gente disse de seus planos para a empresa. Colocou que a EBN estava fazendo um convênio com a Agência Tass – estatal da antiga União Soviética – para troca de informações. Informou também que a partir de sua administração a frente da EBN a empresa não iria mais fazer o jornalismo chapa-branca, ou seja, iria se ter os dois lados da notícia. O lado do governo e o outro lado.

Sem dúvida o gaúcho Carlos Marchi com seus ideais socialistas revolucionou a maneira de fazer jornalismo na EBN, uma agência de notícias do governo que havia herdado a maneira chapa-branca de produzir informações da antiga Agência Nacional, a mesma que produzia a Voz do Brasil.

Infelizmente a gestão de Carlos Marchi durou pouco. Certamente pela sua maneira de vê a notícia, o que ocorre até hoje nos governos. Contudo, Carlos Marchi marcou época na EBN pela sua maneira de encarar o jornalismo.

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