Baú de Estrela

O blog do 13 conta mais uma estaca

por Stella Galvão

Este blog do Barbosa faz 14 anos, convenhamos um tempo bastante para a sobrevivência de uma mídia informativa nestes tempos hiperativos de informação, mesmo para aqueles, como este, que estão no formato online desde a manjedoura. Pois bem, mais vida ao blog e ao seu fundador, claro. Mas o caso é que o bB, assim nomeado para distinguir da casa bancária, aniversaria todo dia 13. Este ano tocou a sexta 13 e toda a carga simbólica que a acompanha. Maus presságios, mandingas, sortilégios, despacho na encruzilhada à meia noite, esconjuro, pé de pato mangalô três vezes, mais ainda quando a lua está resplandecente. Atire 13 pedras quem nunca teve um sobressalto com a menção a esta data.

Primeiro ponto. Por que o número 13 tem má fama? A sessão oráculo, que responde perguntas cabeludas dos leitores da Superinteressante, cravou que se deve às histórias orais que vêm dos tempos de antanho. O número era visto como “torto” e de pouca serventia para os antigos sumérios, que viveram na Mesopotâmia (hoje Iraque) entre 4100 e 1750 a.C. Pois circula também na grande rede virtual a informação de que civilizações que habitaram a região da América Central, entre o sul do México e a Guatemala tinham apreço pelo numeral. No calendário maia, o 13 representava o movimento do universo e do cosmos. Já os astecas entendiam que este número e seus múltiplos simbolizavam os movimentos cíclicos, as antíteses inerentes à existência terrena: noite-dia, calor-frio, vida-morte, inverno-verão. Agora o contraponto: lê-se que sobreviveu à passagem do tempo uma crença nórdica (extremo norte europeu) de que a junção do 1 e do 3 chamava um tipo de capiroto deles. E há as versões atreladas à história cristã. Que a origem da superstição remontaria à última ceia de Jesus, que contou com 13 comensais e que foi seguida pela traição de Judas (que seria o convidado de número….adivinhem? Sobrou para ele a ficha com o numeral), a qual se seguiu a crucificação. Em uma sexta-feira.

Chegamos, assim, antes de decidir por um artefato qualquer que invoque proteção contra alguma sorte de mal augúrio ou à crença no arrazoado, à célebre frase do filósofo e orador romano Cícero (106 a 43 a.C), clássico exemplo da tática de tranquilizar infundindo temor: “As ameaças, assim os outros auspícios, avisos, sinais, não produzem as causas de que algo aconteça mas anuncia o que ocorrerá se não nos prevenirmos.” Na dúvida, desejamos um bom mangalô para este vibrante e informativo blog, cuja data de fundação corresponde no tarô à carta da morte, indício de mudança e transformação. Que cresça e apareça continuamente, bB!

*Stella Galvão é jornalista e colaboradora do blog, Doutora em Educação pela UFRN e autora de ‘Calos e Afetos’ e ‘Entreatos’.  e-mail: stellag@uol.com.br

Compartilhe:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *