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Somente o montante que um dos réus confessos do esquema de corrupção na Petrobras se comprometeu a devolver aos cofres públicos equivale a três anos de orçamento da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão de fiscalização e controle do governo federal. Os cerca de R$ 267 milhões que o ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco disse ter recebido de propina nos últimos 18 anos equivale ao triplo do orçamento anual da CGU. A informação é do próprio ministro Jorge Hage, em entrevista ao jornal O Globo.
Hage se despede da CGU daqui a quatro dias, após 12 anos à frente da Controladoria. Segundo ele, o órgão enfrentou dificuldades nos últimos dois anos por causa de restrições orçamentárias. “Suspendemos atividades e reduzimos a fiscalização das prefeituras (que recebem recursos públicos federais). Para fazermos as fiscalizações, foi necessário fazer um remanejamento de pessoal”, disse o ministro ao repórter Vinícius Sassine.
O valor que Barusco se comprometeu a devolver, cerca de US$ 100 milhões, é o maior que um acusado promete ressarcir aos cofres públicos no país. Segundo Jorge Hage, o custeio da CGU, sem o pagamento de pessoal, é de R$ 80 milhões por ano. O ministro defendeu, na entrevista aoGlobo, que é necessário dobrar o orçamento da Controladoria para garantir que as fiscalizações mantenham o “grau de alcance atual”. Embora negue que sua saída esteja relacionada às restrições orçamentárias da pasta, ele admitiu que há um déficit de 350 auditores no órgão. O ministro será substituído por Valdir Simão, hoje secretário-executivo da Casa Civil.
Barusco fechou acordo de delação premiada e promete contar tudo o que sabe em troca da redução de sua pena na Justiça. Ele é considerado o braço direito do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, um dos presos na sétima fase da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O ex-gerente-executivo só não foi preso por causa do acordo que fez com as autoridades. Ele teve US$ 20 milhões bloqueados em um banco na Suíça. Barusco contou que conseguiu acumular fortuna maior do que outros diretores envolvidos no esquema porque recebeu propina por quase duas décadas – mais tempo que seus colegas, desde o governo Fernando Henrique Cardoso.
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