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por Moisés Mendes, no Brasil 247
O Rio Grande do Sul teve alguns dos principais líderes do negacionismo deflagrado logo no início da pandemia de Covid. O médico e deputado Osmar Terra é o mais famoso deles, como defensor da teoria da imunidade de rebanho que iria conter o surto. Sem a necessidade de vacinas.
Pois se dissemina agora no Rio Grande do Sul, pelos mesmos que não temiam contágios na pandemia, a suspeita de que a caneta da oficial de Justiça que levou a intimação a Bolsonaro pudesse estar contaminada.
O fato irradiador da hipótese foi essa declaração do deputado federal Coronel Zucco, em entrevista na quinta-feira à Band News: “Mandar um oficial de Justiça, não sei qual era a qualidade das máscaras, não sei o que tinha naquela caneta, material que não está esterilizado…”
E assim ficou a frase, solta em reticências. Mas Zucco complementou: “São possibilidades que acabam prejudicando”. As possibilidades seriam as suspeitas sobre a máscara e a caneta, e os prejuízos seriam a recaída de Bolsonaro. O que tinha naquela caneta?
A partir daí, tem-se mais um ingrediente ao roteiro que é escrito dentro de uma UTI. Estagiários de marketing político e veteranos de todos as formas de vender alguma coisa convergem e também se desentendem sobre o que acontece no espaço de tratamento intensivo ocupado por Bolsonaro dentro de um hospital em Brasília.
E o que acontece é o aparentemente impossível, o imponderável, o improvável, o inacreditável. Um ex-presidente em estado grave vende capacetes em lives, confraterniza com visitas, ataca o Supremo, recebe uma oficial de Justiça e tem uma recaída. E logo depois um deputado sugere que uma caneta e uma máscara estão sob suspeita.
No conjunto de abordagens sobre o que se passa na UTI, já especularam sobre o óbvio, com platitudes diversas, a partir do mais elementar do marketing das bizarrices: Bolsonaro precisa ser exposto a qualquer custo.
É o que temos. Um ex-presidente que dá publicidade ao seu drama pessoal, como se esse fosse o drama de metade do país, da forma mais escatológica possível. Funciona?
O estagiário e os veteranos de marketing se juntam a chutadores sobre o que pode acontecer. Se o Datafolha fizer uma daquelas pesquisas terrivelmente estranhas, podemos até ficar sabendo que o povo aprova a série de horrores na UTI de Bolsonaro. E que a fidelização a ele se mantém ou pode até ter aumentado.
E agora temos a máscara e a caneta, que se juntam aos celulares erguidos para os céus em busca de marcianos que apoiassem o golpe, ao Hino cantado em torno de um pneu e a tudo que se viu desde a pandemia. Temos a máscara e a caneta suspeitas, que passam a ocupar a mesma prateleira dos chips espiões enfiados em vacinas.
E talvez essa exposição de absurdos continue funcionando. Não só para o contingente da raiz bolsonarista, mas também para os da antiga direita, que que alargaram essa base desde 2018.
Enganam-se os que acreditam que somente pessoas mais expostas às fake news e consideradas ignorantes possam estar ajudando a disseminar as suspeitas sobre a máscara e a caneta da servidora da Justiça.
O estagiário e os veteranos de marketing se juntam a chutadores sobre o que pode acontecer. Se o Datafolha fizer uma daquelas pesquisas terrivelmente estranhas, podemos até ficar sabendo que o povo aprova a série de horrores na UTI de Bolsonaro. E que a fidelização a ele se mantém ou pode até ter aumentado.
E agora temos a máscara e a caneta, que se juntam aos celulares erguidos para os céus em busca de marcianos que apoiassem o golpe, ao Hino cantado em torno de um pneu e a tudo que se viu desde a pandemia. Temos a máscara e a caneta suspeitas, que passam a ocupar a mesma prateleira dos chips espiões enfiados em vacinas.
E talvez essa exposição de absurdos continue funcionando. Não só para o contingente da raiz bolsonarista, mas também para os da antiga direita, que que alargaram essa base desde 2018.
Enganam-se os que acreditam que somente pessoas mais expostas às fake news e consideradas ignorantes possam estar ajudando a disseminar as suspeitas sobre a máscara e a caneta da servidora da Justiça.
* Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero Hora, de Porto Alegre
Foto reproduzida do Facebook
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